O Municipal

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O nome deste texto pode confundir-se com o título de um jornal, mas não é. Lá iremos. Antes, vejamos como vai a roda da vida. Não sei onde é que os organismos pensadores do Estado vão buscar os sinais positivos da economia doméstica de bens transaccionáveis. Está a melhorar, dizem. Nós dizemos que continua a piorar a cada dia que passa. O Ministro Paulo Portas rejubila com os resultados que lhe colocam na mão. O ex-Ministro Vítor Gaspar, depois de chamar a si os louros do milagre económico, foi nomeado Director do FMI. É um sufoco com impostos, sem objectivos à vista. A Brigada de Trânsito da GNR continua a fazer o seu trabalho, com afinco. Entre eles, em conversa de caserna, já lhe chamam a “empresa”, tal é o fluxo financeiro que gera. As pessoas andam perdidas, pelo que perderam, pelo que não ganharam e pela perda de confiança. E a confiança deveria ser um dos pilares, indestrutível, do Estado. Mas está instalado o medo. Andamos, todos, tristes. E logo nós que eramos um povo alegre, mas responsável. Agora ao que viemos. Na Assembleia Municipal de Pombal, da passada Sexta-feira, magistralmente conduzida pelo seu Presidente Narciso Mota, ficámos a saber muito mais do que sabíamos. Relativamente ao tangível. Há dois tipos de propriedades dos municípios. As propriedades do domínio público municipal e as do domínio privado municipal. As do domínio público são as estradas, os jardins, os esgotos e o seu tratamento e muitas mais. As do domínio privado são os edifícios, as viaturas e tudo o resto que não é público. O Presidente Diogo Mateus informou os seus pares da Assembleia Municipal que estava a negociar com o Estado a compra, pela autarquia, dos edifícios da Escola Conde Castelo Melhor e da C+S da Guia de forma a tomar a si a manutenção dos edifícios que quase que estão ao abandono, pelo seu proprietário. Para memória futura que fique o registo que, aquando da Revolução do 25 de Abril, em 1974, existiam no Município três colégios privados. O Externato Marquês de Pombal, na então Vila de Pombal, O Colégio da Guia e o Externato Liceal de Albergaria dos Doze. Só este último se mantém privado. Lembramos que o Colégio-Liceu Marquês de Pombal, mais tarde Externato Marquês de Pombal, foi criado por um Tenente da GNR de seu nome Fernando Rosendo Tavares Dias, em 1930. O Colégio da Guia foi fundado pelos Drs. Moreira, Amílcar Pinho e António Almeida. Registe-se que o saudoso Dr. Amílcar Pinho foi Deputado da Assembleia da República, na Bancada do Partido Socialista. Foi o Dr. António Almeida que vendeu o Colégio ao Estado. O Externato Liceal de Albergaria dos Doze foi criado pelo Senhor Manuel Costa, quando a sua filha se licenciou. Seria bom que alguém, que tenha engenho e arte, colocasse em letra de forma estas histórias do desenvolvimento do Concelho de Pombal. Há, ainda, pessoas vivas que viveram essas histórias e que podem testemunhar esses tempos. E é de toda a justiça registar o empenho e o carinho que estes Homens Bons dedicaram ao ensino. Fomos reler o Livro do nosso amigo Joaquim Vitorino Videira Eusébio, Pombal-Oito Séculos de História, e verificámos que já tinha havido ensino particular em Pombal. Todavia foram estes três Colégios particulares que o 25 de Abril encontrou a leccionar. O Presidente Diogo Mateus informou, também, que está a negociar a gestão da utilização do Castelo de Pombal e da Torre do Relógio Velho. E referiu, como exemplo, que um casal de noivos pretende casar no Castelo de Pombal, mas que para isso tem que pedir autorização ao Património do Estado. Mas também disse que tudo isso não fazia perigar a prioridade das prioridades que é a continuação da execução de saneamento. Apesar da grande dimensão do concelho, do seu mau ordenamento de território, há condições para avançar para outros projectos. Falámos nos bens tangíveis, mas podemos, também, falar dos bens intangíveis. Aqui as variáveis são de mais difícil controlo. Em Agosto próximo celebra-se o centenário do início da Primeira Grande Guerra. Já não há pessoas vivas que a tenham vivido, mas deixaram muitos testemunhos. É bom juntá-los e mostrar aos nossos jovens o que é que os jovens de então passaram, a defender causas que não percebiam muito bem por que é que as estavam a defender. Ou não percebiam, mesmo, as causas. Mas será que os jovens de hoje percebem as causas que os obrigam a defender, mesmo sem armas na mão?

Rodrigues Marques