HIC ET NUNC | O regresso

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Decorreram a 10 de Março eleições legislativas para a escolha dos 230 deputados da Assembleia da República, num ato eleitoral com uma queda significativa da abstenção para os 34%, sendo desta forma a mais baixa desde 1995 e demonstrando que os eleitores decidiram, cada um pela sua razão, que era importante votar. No âmbito da participação eleitoral, quero também assinalar, a perceção que tenho de que muitas pessoas com trinta ou mais anos foram votar pela primeira vez. Possivelmente um misto de revolta e de esperança estará na base deste fenómeno assim como na base do excelente resultado que o Chega obteve. Espero que os restantes líderes políticos percebam a mensagem e alterem a a sua maneira de fazer política, passando a responder de forma efetiva aos problemas dos cidadãos, sem subterfúgios, falsidades ou adiamentos inexplicáveis, nem optando pelo populismo, pelo insulto e pela falta de credibilidade que caracterizam André Ventura.
Sem que se conheça a distribuição dos quatro deputados respeitantes ao círculo da emigração, a Aliança Democrática tem uma vantagem de dois deputados em relação ao PS, 79 para 77, o que deve permitir ao líder da AD, Luís Montenegro, ser indigitado como Primeiro-ministro e formar um governo cujo prazo de atuação é uma incógnita. Desta forma, o PSD e o CDS-PP irão regressar ao poder depois de terem comandado os nossos destinos durante um período de quatro anos e meio entre 2011 e 2015, com pouquíssima autonomia política e nenhuma independência financeira. Seja qual for a duração do próximo governo, este tem que demonstrar, elucidando assim algumas mentes, que a direita não corta regalias por prazer, não castiga trabalhadores e reformados, sabe valorizar o sector público quando ele é essencial e gosta de promover o desenvolvimento económico e a iniciativa privada com respeito pelas regras ambientais e da concorrência. É este o exame que tem de ser superado e de preferência com nota máxima.
Esta semana festejo também o regresso do CDS-PP à Assembleia da República com a eleição de dois deputados, recuperando do pior resultado de sempre em Janeiro de 2022 quando ficou de fora do Parlamento com apenas 89.181 votos que representaram 1,60% do total dos votos. Nos próximos dias 20 e 21 de Abril vai decorrer o XXXI Congresso do Partido que se espera seja bastante mais pacífico e unificador que edições anteriores. Assegurado que está o regresso à AR, o nosso partido terá a hipótese de recuperar de forma gradual a sua força e o seu eleitorado. O desafio que quero enviar a cada um dos simpatizantes e militantes é de que, na medida do possível, emprestem um pouco da sua energia e do seu conhecimento ao nosso partido para que nas próximas eleições autárquicas, a disputar no final de 2025, consigamos um resultado honroso, condizente com os nossos pergaminhos. Contínuo convencido de que nenhum outro partido representa os valores da democracia cristã e de humanismo tão bem identificados na nossa carta de princípios, pelo que Portugal precisa de ter um CDS-PP atractivo, confiável e fortalecido.

Telmo Lopes
Presidente da concelhia de Pombal do CDS-PP