“Porreiro, pá!”

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Cinco pontos de reflexão. Mão cheia de factos. Nada novo mas que me passa pelo pensamento e certamente não estando de acordo comigo, o leitor, pode ser levado a ter também uma ideia. Concordando ou não, fica para memória futura. Caminhamos passos largos e de certeza pura para morte lenta e agoniante de um país que já o foi grande, dividiu Mundo em dois, agora está à mercê de uma mulher que não fazendo guerra real a instiga de forma económica. Liderança é uma questão de inteligência, de confiabilidade, de humanidade, de coragem e de firmeza, cinco quesitos que hoje ninguém já reconhece aos que nos lideram actualmente. E concluo este ponto com uma constatação, quando quem nos governa distribui numerosas recompensas (leia cargos políticos) significa que estão num impasse; quando aplicam numerosas punições, significa que estão esgotados.

Em sequência, constatar que quem nos governa actualmente são os filhos dos ditos “retornados” e se bem me lembro e agora constato, são aqueles que não tendo uma vivencia africana, foram criados e educados nessa condição. Condição que eles, na maioria, não entendem, compreendem ou ainda vivam. Socorro-me de Natália Correia, do PPD/PSD, (de algo escrito à vinte anos) para consubstanciar a minha posição e passo a citar; “A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!”, e acrescento; “As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muitos pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar de cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir”., poetisa ou profetisa? Palavras mais para quê?

Agora, que existe em comum entre setenta personalidades da direita à esquerda, subscritores do “documento dos setenta” e um anterior primeiro-ministro português? Tudo e mesmo tudo. Grosso oh modo: “Uma dívida não é para ser paga mas sim para ser gerida.” José Sócrates dixit, setenta e muitos agora o subscrevem. Sócrates como primeiro-ministro cometeu erros avaliação, alguns graves e penalizadores, contudo, governar um país com políticas sociais e tendencialmente de esquerda numa Europa que era marcadamente neo-liberal, de políticas de direita e onde o cidadão deixou lentamente de ter direitos adquiridos e passou a ser um número sem rosto, foi obra. Onde se passou a ser cidadão com direitos e deveres de primeira, segunda ou mesmo terceira classe, onde a sociedade passou a ser vista como só há os ricos e os pobres e onde o mérito, deixou de ter lugar e passamos a viver espartilhados pela condição social de nascença, não é fácil. E fazê-lo contra tudo e contra todos, interna e externamente, desde da esquerda à direita só porque sim, então é hercúleo o desígnio de governar bem. Polémico q.b., mas tiro do pensamento e plasmo em papel o que já afirmei em restrito círculo. Pessoalmente, a história o irá avaliar, José Sócrates foi o melhor primeiro-ministro que Portugal teve nos últimos quarenta anos. Oh pá, se o foi.

Continuando a partilhar pensamentos, localmente questionando, que será feito do anterior presidente de Câmara de Pombal? Eclipsou-se? Remeteu-se à condição que sempre lhe apontei como futuro próximo? Pois, quem não deixa saudades, esquece. Já agora, estou a mencionar quem? Ah, claro. O actual Presidente da Assembleia Municipal. Aquela onde agora ele, de três em três meses, actua impávido e sereno assistindo ao vivo o que deixou como futuro deste concelho. Estradas construídas sem utilizadores, terrenos adquiridos sem função, construções duvidosas e ruinosas, investimentos inexplicáveis sem retorno, gestão mentirosa e enganadora, falcatrua explícita e provada e, resumindo, um concelho já tão deserto de ideias, das gentes e dos investimentos. Para quem esteve vinte anos no poder não é nada mau não senhor. Mas ainda irá ter uma estátua e/ou um parque de estacionamento com o seu nome na placa de inauguração. Com certeza, né! Porreiro.

Termino, com mais uma reflexão. Quarenta anos de liberdade…, quarenta anos de Democracia… quarenta anos de quê? Vivemos num país onde as pessoas estão com medo, onde investimos no futuro dos jovens e agora corremos com eles para o estrangeiro, onde lentamente obrigamos os “velhos” a manter e a assumir responsabilidades para as quais já não há força ou esperança, onde militares e policiais vão para rua protestar, onde direitos adquiridos deixaram de ser, onde quem é reformado e trabalhou uma vida inteira vê e sente a sua reforma a ser cortada, onde jovens com trinta anos (!) vivem na casa dos pais, onde ninguém está Seguro, nem sabe que Passos deve dar ou a que Portas deve bater para sobreviver, quanto mais viver, onde a natalidade não supera a mortalidade, onde políticos são aumentados, onde existem subvenções para os partidos políticos de milhões, onde se pagam reformas politicas livres de ónus por meia dúzia de anos de “serviço”, onde as prescrições de milhões acontecem, a culpa morre solteira e temos culpados à sombra da bananeira (literalmente), enfim onde é mais importante a politica e seus actores do que o povo e os seus dissabores. Apetece-me perguntar, foi para isto que eu vim? Porreiro, pá!

Vai por si, caro leitor.

Carolino, Fernando Daniel

fdcarolino@gmail.com