CARTAS POMBALINAS | O Bodo é a nossa força comunitária

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O final do mês de Julho é anualmente esperado pela comunidade pombalense com muita expectativa pela realização das seculares Festas do BODO.
A história do Bodo está bem presente nos genes das nossas gentes, porque é uma história feita de partilha e esperança que fazem de Pombal uma comunidade forte e solidária.
O BODO é uma festa de afectos, porque é normalmente nesta altura do ano que revemos os amigos com quem não estamos regularmente e esta é uma semana propícia ao reencontro de familiares, nomeadamente, de regresso da nossa significativa comunidade emigrante.
A crise pandémica trocou-nos as voltas e o nosso BODO teve que se transformar em pequenos apontamentos culturais que, contudo, não deixaram de assinalar a data e contribuíram para a manutenção do espírito comunitário que é a essência e a razão de ser do nosso BODO.
Os pombalenses acederam positivamente aos desafios lançados o que é um bom tónico para o futuro!
Esperemos que em 2021 estejam reunidas as condições do ponto de vista da saúde pública para que o BODO recupere a normalidade. Partilho convosco algumas reflexões que ficam para futuro.
BODO DESPORTIVO E RADICAL – O BODO tem historicamente uma componente desportiva associada onde o atletismo tem presença assídua e que deve ser mantida, assim como, os torneios desportivos, nomeadamente de futebol ou ténis, que antecedem o BODO e podem contribuir para a dinamização desportiva desta época do ano. Confesso que um dos meus sonhos é tornar a ver realizada a nossa meia-maratona que todos acompanhamos desde criança, avaliando se calhar a possibilidade de ser promovida em data diferente. A dinamização de actividades radicais (downhill, freestyle, slide, escalada, etc) e o aproveitamento do rio Arunca para actividades de recreio podem ser elementos distintivos e de fruição familiar.
BODO ECONÓMICO – A dimensão económica numa terra como a nossa com forte vocação empresarial e industrial deve ser uma prioridade, porque esta é uma oportunidade única de promovermos o que melhor se faz em Pombal. Devemos criar condições para o espaço expositivo ser mais atractivo e promover uma EXPO POMBAL, divulgando todo o nosso potencial aos visitantes e potenciais investidores.
O regresso de uma vertente do AGRO-BODO deve ser avaliado em termos de cumprimento das apertadas regras higiossanitárias, mas parece-me interessante a ideia de ter uma área dedicada aos produtores locais e à bio-agricultura, dando destaque para o cluster do agro-alimentar, destacando a inovação e os produtos de excelência da nossa região.
BODO CULTURAL E ETNOGRÁFICO – A cultura está na génese do BODO, devendo ser criadas condições para que sejam divulgados os diversos projectos existentes na nossa comunidade no domínio da música, cinema, teatro, pintura e das mais variadas dimensões artísticas. A Praça Marquês de Pombal e o renovado Jardim do Cardal devem ser espaços privilegiados para esse efeito, assim como, devemos criar a tradição de ter bandas pombalenses a abrir os espectáculos principais. O Folclore deve continuar a ter o merecido destaque, devendo ser lançados novos desafios ao nível da recuperação de tradições e apontamentos etnográficos.
A ESSÊNCIA DO BODO | LENDA E RELIGIÃO – A devoção à Nossa Senhora do Cardal assume uma componente espiritual que é profundamente sentida pela nossa comunidade e que deve ser valorizada. O papel de Maria Fogaça, o forno e a praga de gafanhotos, são elementos lendários que têm um potencial grande de promoção das Festas do Bodo, como ficou provado com o gafanhoto que este ano nos “acompanhou” no largo do Cardal e que teve o impacto positivo de nos remeter para a lenda originária do BODO que deve ser cada vez mais divulgada.
BODO DAS FREGUESIAS – Recuperando uma tradição antiga, tal como vimos no documentário do nosso amigo Paulo Silva que aproveito para cumprimentar pelo contributo positivo dado para estas Festas do BODO, creio que era interessante promovermos um desfile alegórico denominado Marcha das Freguesias, que envolvesse todo o concelho. Podia fazer-se uma actividade em cada freguesia em jeito de “warm-up a caminho do BODO”, para divulgar e envolver todo o concelho numa festa que é de todos!
A Praça Marquês de Pombal e a nossa zona histórica devem continuar a integrar o roteiro das Festa do BODO, onde pode ser desenvolvida, por exemplo, uma área de restauração, tipo Tasquinhas, com o envolvimento das colectividades e onde poderiam ser divulgados projectos culturais das várias freguesias do nosso concelho.
Estas e outras ideias, que tenho partilhado com pessoas amigas, podem e devem ser amadurecidas com novos contributos que ajudem a modernizar o BODO e a aprofundar a sua relevância como uma marca distintiva do nosso território.
A verdade é que o BODO tem um potencial grande de dinamização da nossa comunidade que deve ser aproveitado e estimulado, envolvendo toda a comunidade na concepção e realização das Festas do BODO.
Um desejo que queria partilhar convosco, era que este espírito de pertença, amizade e união perdure durante todos os dias do ano.

Um forte abraço amigo,
Pedro Pimpão
pedropimpao@gmail.com

*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 6 de Agosto

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Pedro Pimpão é natural de Pombal, tem 36 anos, é casado e tem dois filhos. É advogado de profissão e actualmente desempenha as funções de deputado à Assembleia da República, tendo sido eleito pelo círculo eleitoral de Leiria. É Presidente da Assembleia de Freguesia de Pombal, membro da Assembleia Municipal de Pombal e membro da Assembleia Intermunicipal da Região de Leiria. É licenciado em Direito pela Universidade Coimbra, contando com Pós-Graduações em Direito Administrativo, Gestão Autárquica, Direito dos Contratos Públicos e Direito Municipal Comparado Lusófono. É Mestrando em Ciência Política pelo ISCSP – Universidade de Lisboa.