OPINIÃO | A importância do ginásio para quem tem fibromialgia

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Para quem não conhece, a fibromialgia é uma doença que afeta entre 2 – 4% da população mundial, tendo uma maior incidência em mulheres adultas. Em Portugal estima-se que este número se encontre acima da média global. A CUF apresenta já valores nacionais a rondar os 5 a 6% e indica também a maior presença desta doença em mulheres acima dos 40 anos.

A fibromialgia não tem ainda identificadas causas claras, mas conhecemos sim potenciadores do desenvolvimento desta patologia como o stress, a preocupação e a ansiedade, aumentando assim a dor sentida ao longo dos nossos músculos. Assim sendo, o principal sintoma da fibromialgia é a intensa dor músculo-esquelética, mas podendo também apresentar alterações ao padrão de sono, fadiga matinal, sensação de esgotamento físico ao final de um dia de trabalho ou de uma atividade física intensa, um défice de concentração, entre outros.

Segundo a sociedade portuguesa de reumatologia existe duas formas de tratar a doença, uma é através da utilização de fármacos à base dos relaxantes musculares e antidepressivos, a outra é através da melhoria da qualidade de vida através dos benefícios do exercício. E aí é que o ginásio se destaca proporcionando ao doente um trabalho controlado e ajustado às necessidades e especificidades da doença.

O exercício físico regular é um agente ativo na redução do stress e do relaxamento psicológico. Durante a prática de exercício, o nosso cérebro liberta químicos, mais concretamente, endorfinas, que são neurotransmissores responsáveis por bloquear a dor e controlar emoções. Para além desta vantagem gigante, o exercício físico regular vai a ajudar no aumento de mobilidade por parte do doente, o aumento da capacidade de produção de força, melhoria postural e da melhoria da condição cardiorrespiratória, ou seja, da sua condição física global. O exercício físico provoca também melhorias na qualidade do sono.
Tendo em conta todos estes fatores, o exercício físico torna-se o melhor “comprimido” contra a fibromialgia, melhorando e aumentando qualidade de vida do doente. Mas é importante também de ressalvar, o exercício físico, sendo ele o treino de força, uma aula de grupo (como pilates, yoga ou mesmo uma localizada) ou até mesmo uma caminhada, precisa de uma fase inicial de adaptação anatómica. O que quer dizer que é normal em qualquer pessoa, que numa fase inicial que pode ir até aos 2 meses, existam dores musculares. Sendo estas normais e tratando-se mesmo de um processo de adaptação anatómica do nosso corpo a um novo estímulo, então numa pessoa com o diagnóstico de fibromialgia ainda mais normal a presença de dores musculares, e até mesmo mais intensas.
Não podendo desanimar nessa fase, porque é fundamental para o começo de qualquer nova atividade, o ginásio torna-se uma das ferramentas mais fortes para o controlo da fibromialgia, pois reúne os profissionais credenciados com a informação certa e uma oferta diversa de atividades que bem estruturadas e controladas se tornam numa arma fortíssima para combater uma doença que o acompanhará até ao final da sua vida, mas com uma qualidade de vida acima da média.

João Cardoso
Personal Trainer