HIC ET NUNC | NADA

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No passado dia 19 de Agosto, aproveitei o final de tarde para ir até a Albergaria dos Doze visitar o Parque de Aventura e de Lazer explorado pelo N.A.D.A. – Núcleo de Aventura e Desporto de Albergaria dos Doze, onde aliás funciona a sua sede.
Esta associação foi fundada em 11 de Outubro de 1996 com o principal objetivo de promover, divulgar e praticar atividades de desporto, aventura e lazer, que completassem a oferta desportiva existente na freguesia.
A ideia do parque de lazer, que permitiu a reconversão do espaço da antiga Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), surgiu à mais de uma dezena de anos e concretizou-se com a candidatura ao Orçamento Participativo de 2015, com o apoio da Câmara Municipal de Pombal e da União de Freguesias de Santiago, São Simão de Litém e Albergaria dos Doze.
O espaço inclui um edifício de apoio, com sanitários públicos, balneários, sala multiusos e arrecadação; parque de merendas com churrasqueiras de usufruição comunitária; parque infantil; uma área de manutenção (ginásio ao ar livre) e um circuito de arborismo/parque de aventura (a ser utilizado mediante pré-inscrição e sob monitorização do N.A.D.A.); a zona de estacionamento automóvel e a ponte pedonal que permite ultrapassar o pequeno leito do rio Arunca, nascido poucos km’s a montante.
A entrega da gestão e exploração do espaço a uma associação local deve servir de exemplo para outros projetos devendo aliás ser condição imprescindível para a execução deste tipo de investimento; para nada serve termos espaços de lazer bem equipados se não conseguirmos garantir a sua manutenção e conservação assim como a sua exploração e vigilâncias adequadas.
Este espaço deve também ser referência em relação ao custo da sua edificação, demonstrando que não é necessário gastar muito dinheiro para atingir os objetivos principais de um espaço deste género, ou seja, garantir as condições para a prática de atividade física, de lazer e de contacto com a natureza, promovendo assim a saúde física e mental dos munícipes.
Foi inaugurada no âmbito da 21ª edição da mostra gastronómica da região de Alítem, realizada no final de Agosto, a praceta Jacinto Gameiro Lopes, junto à estação de caminhos de ferro de Albergaria. Esta obra, com um custo de 160.000€ requalifica aquela zona de entrada na povoação conferindo-lhe outra dignidade; no entanto, tal como noutras praças recém executadas, a falta de espaços verdes, de sombras naturais ou artificiais, nomeadamente para os taxistas, são erros de concepção facilmente percetíveis para qualquer cidadão atento.
A todos estes factos acresce que as casas de banho da estação, que podiam servir para utilização pública, estão encerradas, não existindo por isso qualquer instalação sanitária de apoio a passageiros, motoristas de táxi e outros transeuntes; este é um equipamento que ficará em falta, após as obras de requalificação realizadas em várias zonas da localidade .
Neste momento a única menção que Albergaria dos Doze merece no PPI (Plano Plurianual de Investimentos) do Município de Pombal, é referente ao alargamento da zona industrial a partir de 2024, com a inscrição provisória de 200.000 € / ano, durante três anos, para esse efeito.
Em paralelo a este projeto é imprescindível providenciar que as “duas circulares externas” existentes sejam concluídas para que as condições para a instalação de algumas empresas na ZI sejam reais.
A região de Alítem, tal como a generalidade do nosso concelho, sofre de dois males principais que devem constituir prioridade máxima para todas as entidades mas principalmente para o poder político, despovoamento e abandono do território rural.
O despovoamento e consequente proliferação de edifícios devolutos, abandonados ou em ruinas, nos aglomerados urbanos e espalhados por montes e vales, exige um plano de intervenção municipal para redesenhar o nosso povoamento. Muitas ruas, ruelas, becos e vielas são praticamente inabitáveis se mantiverem a configuração atual, porque, entre outras razões, não garantem a mobilidade necessária dos nossos dias muitas vezes baseada no automóvel próprio. Enquanto essa intervenção não for pensada a requalificação de zonas históricas/antigas dos nossos povoados será baseada em fogachos sem expressão nem efetivo resultado na fixação de pessoas, pelo que aguardo com alguma expectativa a revisão do PDM (Plano Diretor Municipal) que se irá iniciar no próximo ano.
Ao nível do abandono rural e de forma muito resumida, exigem-se medidas que enfrentem o abandono de campos e florestas de forma mais eficaz. São dezenas os caminhos que estão impraticáveis tomados que foram pelos matos, dezenas os hectares de floresta que cresceram sem ordenamento, entre outros problemas cuja consequência mais visível são os fogos. Esta realidade tem que ser a prioridade principal de qualquer executivo camarário consciente, sendo que a única forma de retroceder esta realidade em que se encontra o nosso território é através da atividade agropecuária, pastorícia e florestal. Nesse sentido, existe a necessidade de apoiar atuais e novos investidores para essas atividades, promovendo o território e o seu potencial, garantindo a sua segurança e apoiando os seus investimentos.
Além de melhor gestão dos recursos hídricos as entidades devem implementar medidas que premeiem o valor paisagístico, social e ecológico dos territórios, implementando medidas como a redução de impostos, o apoio a medidas de emparcelamento ou de gestão conjunta e o incentivo à criação de novas culturas entre outras possíveis.
O N.A.D.A. é um bom exemplo mas são necessários mais.

Telmo Lopes
Presidente da concelhia de Pombal do CDS-PP

*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 28 de Setembro