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Nota 4 – Avante: Na vida há teimosias que por vezes saem demasiado caras, antevejo que esse será o resultado da obstinação do PCP em realizar o Avante no contexto de saúde pública atual. Considero que esta insistência em juntar milhares de pessoas na Quinta da Atalaia, contra tudo e contra todos, possa significar o princípio do fim do PCP, aliás na linha daquilo que tem sido o apagamento dos partidos comunistas por toda a europa. Arrisco-me a dizer que nem no seio dos militantes do PCP esta decisão de realização é pacífica e consensual. Para além do risco real de eventuais contágios que está associado à realização do evento (risco esse assumido pela DGS), há um risco político e social extremamente elevado. A descredibilização (mais uma vez) dos partidos políticos, levando o cidadão comum a afirmar que “os partidos podem tudo”. E, sobretudo, a falta de exemplo. Quando um país parou – e pode voltar a parar –, e fez sacrifícios – e vai continuar a fazer –, em prol de um bem comum, a saúde e a proteção dos cidadãos, ninguém entende como é que uma instituição como é o caso de um partido político não sabe ser solidário com os seus compatriotas e não sabe dar-se ao respeito. Não coloco em causa a liberdade de associação e à iniciativa política e partidária constitucionalmente salvaguardada, que é um direito que assiste ao PCP e a todos os partidos, porém neste caso faltou imperar algo que não se escreve nem legisla: a sensatez e o bom senso.

Nota 7 – “Cobardes dos médicos”: Imaginem que tinha sido Passos Coelho a chamar “cobardes” aos médicos como António Costa foi apanhado a fazer… Meu Deus, cairia o Carmo e a Trindade, não se iria falar doutra coisa durante semanas a fio, e não descansariam enquanto tal situação não tivesse consequências políticas. Este introito é só para suscitar a reflexão de todos os leitores. Porque, efetivamente, o que o Primeiro Ministro disse é grave, é indesculpável e inaceitável, sobretudo no contexto atual. Fico preocupado por ter um governante que, pelos vistos, intrinsecamente tem essa opinião sobre aqueles que nos últimos meses têm estado na linha da frente a dar o melhor de si em prol de todos. Mas, por outro lado, também acho que aquilo que é dito e feito em contexto particular não deve ser utilizado contra o seu autor na praça pública. É uma situação equivalente à de uso de uma prova contra o arguido, obtida de forma ilegal. Porém, este “separar de águas” que aqui tento fazer deve ser aplicado a todos, sejam eles de direita ou de esquerda, com melhor ou com pior relação com os media.

Nota 15 – Casa Varela: Vale mais tarde que nunca! Volvidos mais de oito anos desde que o Município de Pombal adquiriu a emblemática Casa Varela e após o atraso das obras de beneficiação decorrente da insolvência do penúltimo empreiteiro, há projeto para o espaço. Não falo obviamente no projeto arquitetónico, mas sim no projeto de uso e de vida da Casa Varela. Um espaço que será dedicado às artes e à criação artística, que se espera que seja, em primeiro lugar, uma “casa” das muitas manifestações artísticas e culturais produzidas pelos artistas do nosso concelho. Estou certo que com uma estratégia definida, com as vontades em sintonia e com os meios certos a Casa Varela terá condições para se afirmar no contexto regional e nacional. Começou bem o Município, com uma boa escolha para a direção artística.

João Antunes dos Santos, Advogado,
Deputado Municipal PSD e Presidente JSD Distrital Leiria
joao@antunesdossantos.pt