A Debandada

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Em Junho de 2013 o Pombal Jornal publicou o artigo infra, sob o título “Parece-nos” e parece-nos que, hoje, estamos piores do que estávamos.
Parecia-nos, na altura, que a economia doméstica de bens transacionáveis começava a mexer.
Depois vieram as trapalhadas do Ministro Paulo Portas que colocaram tudo na estaca zero.
Agora a economia dá uns laivos de vida, mesmo depois do ajustamento financeiro deixar um rasto de sangue, suor e lágrimas.
Mas vêm aí mais impostos.
É o IVA, é a TSU e, Deus queira que não, vamos voltar à estaca zero.
Estamos condenados ao funil.
Mas não estamos, parece-nos.
Estamos sim numa debandada geral daqueles que, teimosamente, ainda produzem alguma riqueza para alimentar o voraz Orçamento do Estado.
Vão ficar as empresas do regime e pouco mais.
Estamos, alegremente, a empobrecer.
Os sábios do regime sabem tanto de economia como nós de um lagar de azeite.
Por Deus, deixem as donas de casa governar o País e sentirão logo melhoras.
Mas, agora a sério.
É preocupante ver as empresas, boas e más, como um dos sábios as classificou, irem criar riqueza para outros países.
A campanha eleitoral, que antecedeu as eleições para o Parlamento Europeu, em nada contribuiu para a melhoria da confiança, outrossim deixou em aberto questões importantes que deveriam ser debatidas, como o emprego e o crescimento, a reforma institucional da União Europeia e Monetária, incluindo a harmonização fiscal, as covered bonds e, quiçá até, a Federação de Estados, entre muitos outros temas de importância vital para os povos.
Os candidatos limitaram-se a lavar roupa suja, ou a participar em jogos florais.
Parece-nos que continuamos no mau caminho.
Mas vamos ao…

Parece-nos…

“Parece-nos que as coisas estão a melhorar, apesar do esforço titânico do Ministro das Finanças em destruir a economia real, tapando o sol, mas protegendo aqueles que nada produzem.
É uma tristeza. É uma escuridão.
Parece-nos que o dinheiro já gira e quando gira na economia algum, mesmo pouco, vai ficando.
A situação que se tem vivido é semelhante ao sistema hidráulico das valas de água, das ribeiras e dos rios que todos contribuem para encher os mares.
Leiam nos mares o sector financeiro, nacional e internacional.
Enfim é o ciclo da água, mas unidireccional.
É uma coisa contra natura.
O que tem faltado é o Sol para evaporar a água e trazê-la de volta à terra.
É uma escuridão.
Quem, como nós, no início da década de 80 já aceitava letras comerciais, sabe como era e foi o estado da economia, anos a fio.
Mas também sabe que o dinheiro girava.
E girava por várias razões.
Uma delas resultava da elevada taxa de inflação, que estava em dois dígitos gordos.
Todos sabemos que a inflação nada produz e que consome parte da riqueza produzida, sem que ninguém aproveite.
Mas também sabemos que faz girar o dinheiro.
Podemos, hoje, aplicar a regra dos 20/80, ou o de termos passado do 8 para o 80.
Só interessa aos tecnocratas termos passado do 80 para o 8, para adicionarem os resultados aos seus já ricos currículos.
Mas os países são mais do que folhas de Excel e currículos.
Há pessoas.
Têm nome, têm família e têm dignidade.
Todavia instalou-se o medo nas pessoas, nas famílias, nas relações comerciais.
Era o que de pior podia ter acontecido terem-se rompido os laços de confiança e ter-se instalado o medo.
O medo de tudo e de todos e, particularmente, do Ministro das Finanças.
Estamos certos se afirmarmos que a regra do 20/80 já não se está a cumprir.
A regra diz que 80% da riqueza produzida vai directamente para 20% daqueles que nada produzem.
Parece-nos mais que 95% da riqueza produzida está a ser canalizada para 5% dos que nada produzem.
Este desequilíbrio é preocupante e pode conduzir à destruição do intangível das pessoas, já que o tangível está totalmente destruído, mercê do trabalho férreo do Ministro das Finanças (Vítor Gaspar).
Parece-nos impossível que ninguém diga àquela alminha que está a tomar decisões para aplicar em pessoas, destruindo-as, para construir o seu currículo.
Parece-nos que continuamos no mau caminho.
Deixámos de andar em auto estradas para andarmos em caminhos de pé posto.
Estamos certos que há outros caminhos que podíamos percorrer, sem rupturas sociais e económicas.
Por outro lado parece-nos impossível não deixarem trabalhar o Ministro da Economia.
Ele podia dar uma grande contribuição para a economia real, aquela que produz bens transaccionáveis e que continua a ser destruída, a cada dia que passa.
Parece-nos que andamos todos com a cabeça na lua.
Agora, vem o Ministro da Educação dar incentivos fiscais para que as empresas empreguem doutorados.
Esta, também, não lembrava ao diabo, depois de se terem incentivado os operários qualificados a emigrarem e a irem criar riqueza noutros países, porque não fazer o mesmo com os doutorados.
Parece-nos que se o saber saber emigrar, já que o saber fazer já emigrou, ficamos melhores.
Por uma questão de saúde mental, vou pedir visto para emigrar para a Lua”.
É a debandada geral.

Rodrigues Marques