HIC ET NUNC | Inovar

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A revolução industrial foi um processo de transformação da manufatura ocorrido entre os finais no séc. XVIII e as primeiras décadas do século seguinte.
A forma como decorreu, as suas características e as suas consequências variam de acordo com o País analisado, mas uma coisa é certa o mundo mudou para nunca mais ser o mesmo. A transformação social iniciada nesse período continuou até aos nossos tempos dando origem ao que agora denominamos por sociedade ocidental. Essa transformação que permitiu uma melhoria na qualidade de vida da generalidade da população principalmente no hemisfério Norte, deu lugar a um novo paradigma em que temos uma sociedade onde os setores produtivos, o primário e o secundário, são desvalorizados sendo considerados por alguns como residuais.
Na campanha política em curso, ainda que não oficialmente, é comum ouvir palavras como “digital”, “sustentabilidade” ou “inovação”, palavras usadas e abusadas por todos os quadrantes políticos. Além destes “chavões” outro propósito divulgado é o da captação de investimento estrangeiro, para assim termos algumas fábricas e termos dessa forma mais algum emprego.
A atual pandemia veio demonstrar ao mundo ocidental e no que nos interessa à Europa, que a extrema dependência que temos de matérias primas e produções externas ao nosso território, é incomportável e difícil de manter.
Neste momento existem muitas fábricas em Portugal com fortes constrangimentos produtivos por falta de componentes e de matérias-primas, para além da falta de mão de obra especializada que se vai agravando. Perante isto, como se responde a estes problemas?
É imperativo que surjam ideias novas, que se apoiem e incentivem novos projetos que se aponte um novo caminho. Mas que caminho é esse? O 5G, as plataformas digitais, os serviços à distância… é possível termos uma sociedade com um modelo de desenvolvimento baseado apenas nisto? Ou tudo isto são “apenas” ferramentas que devem permitir o aumento de produtividade de todas as atividades?
Cada região deve construir o seu projeto de crescimento e de desenvolvimento com base nos seus fatores críticos de sucesso, sejam eles os recursos naturais, a qualificação da mão de obra ou a sua localização geográfica.
Com base nestas premissas tenho que perguntar:
– qual o investimento previsto para os próximos anos para a modernização e consolidação da ETAP?
– qual o investimento previsto para as florestas e para a agricultura nomeadamente no fomento do emparcelamento, na criação de estruturas de apoio, na abertura de caminhos, reflorestamento, prevenção de incêndios, promoção da produtividade e rentabilidade; neste particular quero mencionar a produção de arroz e a exploração de pinhal, que ainda ocupam parte significativa do nosso território;
– para quando a construção de um pavilhão desportivo para albergar o atletismo de pista coberta transformando Pombal num centro de formação e treino de referência?
– para quando a promoção do parque ECOMATUR que até já tem sinalética a indicar o caminho?
– qual o investimento previsto para a serra de Sicó para fomentar o Turismo de natureza e o desporto radical? Já agora, em que gaveta ficou o projeto de Classificação da Serra?

Inovar é por definição fazer algo novo, apostar em algo diferente. Com um modelo de desenvolvimento baseado nas mesmas premissas que o resto do País, a Europa ou o Globo, em que medida é que estamos a inovar? Estamos somente a apostar na mesma fórmula que nos últimos anos nos levou à estagnação económica, à diminuição da população e à perda de competitividade…

#QueremosResponderAosPombalenses

Telmo Lopes
Filiado no CDS-PP

*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 2 de Setembro