Massacre de três empresários de Abiul foi há 18 anos

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Foi precisamente há 18 anos que a freguesia de Abiul ficou em choque com o hediondo crime que tirou a vida a três empresários da construção civil, numa praia de Fortaleza, no Brasil. Para além dos três abiulenses, outros três empresários portugueses, que integravam o mesmo grupo, foram também barbaramente assassinados. O massacre abalou o concelho, a região, o país e até o mundo.
Tudo estava planeado para que Joaquim da Silva Mendes, Joaquim Fernando Martins, Manuel Joaquim Barros (naturais da freguesia de Abiul), António Correia Rodrigues (do concelho de Ourém), Joaquim Pestana da Costa (Seixal) e Vítor Manuel Martins (Alportel) passassem uns dias de férias de sonho no Brasil. Mas, o sonho rapidamente se tornou numa tragédia sem memória.
Estávamos a 11 de Agosto de 2001 quando surgiram as primeiras notícias sobre o desaparecimento dos seis portugueses, com idades entre os 42 e os 57 anos. A família e os amigos entraram em desespero e as autoridades – brasileiras e portuguesas – iniciaram as investigações para tentar localizar o paradeiro dos turistas. De dia para dia não havia um único sinal que levasse os investigadores para um esclarecimento.
Eis que, quase duas semanas depois, a 24 de Agosto, as informações tornadas públicas pelas autoridades brasileiras não foram as melhores. Foram mesmo as piores. Terríveis e hediondas. Os cadáveres dos seis empresários eram encontram enterrados sob uma placa de cimento, junto ao bar “Vela Latina”, na praia do Futuro, em Fortaleza.
Terá sido a confissão de um dos co-autores do crime que levaram os policiais a realizar escavações naquela praia brasileira. Os corpos das vítimas que estavam amontoados, terão sido assassinadas violentamente por um grupo de cinco pessoas, entre elas Luís Miguel Militão, um português então com 31 anos e que tinha ido buscar os seus compatriotas ao aeroporto.
Aliás, soube-se mais tarde que terá sido Luís Militão, que acabaria por ser detido a cerca de 1.600 quilómetros de Fortaleza, que traçou todo o esquema para roubar os amigos portugueses.
Para além de os ter roubado e realizado compras com os cartões de crédito de pelo menos, dois dos empresários portugueses, Luís Militão atraiu os turistas para o bar “Vela Latina”, instalado em plena praia do Futuro, e que explorava juntamente com um amigo. O pretexto seria a participação numa “noite Cinderella”, uma festa onde não iriam faltar mulheres e bebidas. Contudo, aquela noite de Agosto transformou-se num horror para os turistas.
Os relatos do massacre feitos pelas autoridades brasileiras depois de terem sido encontrados os corpos dos empresários foram hediondos. A operação policial só aconteceu na noite de 24 de Agosto, depois da confissão de alguns dos assassinos que participaram no esquema desenhado por Militão. Cinco homens armados, entre eles um cunhado de Luís Militão, atacaram os portugueses com facas, objectos pesados de madeira e ferro. Acabaram por enterrar os corpos das vítimas numa cova profunda, no areal, cobrindo-os com uma laje de cimento.
O massacre não passou despercebido em Portugal. Os então Presidente da República e primeiro-ministro, Jorge Sampaio e António Guterres, respectivamente, chegaram a divulgar notas oficiais em que se mostraram chocados com a morte bárbara dos portugueses.
Actualmente, 18 anos depois, Luís Militão, natural do concelho do Barreiro, permanece na prisão de Pacatuba. Aliás, deverá por ali ficar até 2031. A imprensa brasileira foi dando conta que o português é exímio na arte de engendrar esquemas ilegais e liderar os outros presos. Mas, há quem revele que se distingue pelas suas capacidades intelectuais e instrução. Consta que Militão está a tirar dois cursos superiores: um de Pedagogia, outro de Letras (vertente Inglês), através de “vídeo-aulas” de uma universidade privada.

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Ingressou no jornalismo, em 1989, como colaborador no extinto “Pombal Oeste” que foi pioneiro na modernização tecnológica. Em 1992 foi convidado a integrar a redacção de “O Correio de Pombal”, onde permaneceu até 2001, quando suspendeu a profissão para ser Director de Comunicação e Marketing de um grupo empresarial de dimensão ibérica. Em 2005 regressou ao jornalismo, onde continua, até aos dias de hoje, a aprender. Ao longo destes (largos) anos de actividade, atestados pelo Carteira Profissional obtida em 1996, passou por vários jornais, uns de âmbito regional e outros nacional, onde se inclui o “Jornal de Notícias” e “Público”. Foi convidado a colaborar, de forma regular, com o “Pombal Jornal” onde se produz conteúdos das pessoas para as pessoas. Foi convidado a colaborar, de forma regular, com o “Pombal Jornal”, quinzenário com o qual deixou de colaborar no final de Maio de 2020.