É do Costa que a malta gosta ou a justiça é que não desenguiça

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António Pires
antoniojosecpires@gmail.com

É escandaloso assistir, como eu fiz no domingo, ao desfilar da malta do Sócrates, daqueles que nos enfiaram no buraco financeiro de que não há meio de sairmos, arreganhada com a vitória do António Costa. Que o homem teve gente de valor a apoiá-lo, viu-se que sim, mas não só os de valor estiveram ao seu lado. O homem aceitou tudo e todos, não foi esquisito, nem teve qualquer réstia de pudor. Apoiantes e apoiado apagaram o passado e se os primeiros anseiam novamente por um poiso de destaque, já o segundo tem uma visão conscientemente limitada, pretendendo apenas resolver o seu problema de curto prazo, ser eleito futuro candidato a primeiro-ministro. O custo político que isto lhe pode acarretar não o preocupa, a seu tempo compensará e tudo ficará sanado.
O remate da noite vitoriosa, o corolário do serão, a frase que define esta fina flor putrefacta de aspirantes ao poder, veio do próprio vencedor que, afinal de conta, o que quer é “Ir beber uma imperial”. Não que eu seja contra as imperiais, bebida que até aprecio, mas à pergunta “O que vai fazer agora” responder com imperiais, deixa a impressão de uma amorfia, provavelmente porque saberá que a máquina do PS funcionará como sempre e com os mesmos de sempre, tendo António Costa fé no seu parlapié do costume para convencer os eleitores.
Com a justiça é que não há memória de coisa igual. É papelada aos montes por todo o lado, fazendo fé das reportagens televisivas, gente a queixar-se e não há meio de se perceber como se vai desenguiçar este imbróglio.
Com muita pena minha, porque até gosto da Paula Teixeira da Cruz e porque a achei uma ministra promissora numa área malfadada, considerei patético o pedido de desculpa da ministra, ladeada por um acabrunhado responsável do IGFEJ. É uma espécie de moda, à qual também aderiu o ministro da educação, isto em vez de se assumir a responsabilidade política, com elegância e decoro. Obviamente que não é a ministra a responsável pelo citius, é antes a responsável pelo timing de aplicação do sistema, pelo conhecimento do terreno e das necessidades, por obrigar a um natural período de experimentação, com a sequente implementação faseada e ponderada. Nada disto sucedeu.
Paula Teixeira da Cruz precipitou-se e não mediu a dimensão das decisões que tomou, falhou e não tem por isso grande alternativa. É que na justiça avizinha-se um avolumar de um problema escusado, numa área frágil que continua desprotegida e a deixar desprotegidos os cidadãos. É imperdoável!