Obras do Jardim da Várzea vão avançar apesar das alterações ainda não agradarem a todos

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As alterações ao Jardim da Várzea ainda não são suficientes para o projecto merecer consenso. Mesmo assim, as obras vão avançar, até porque há prazos a cumprir para garantir o financiamento comunitário.

O projecto final para reabilitar o Jardim da Várzea já foi aprovado. Agora segue-se a execução da obra, que tem prazos para cumprir, tendo em conta que é financiada por fundos comunitários. A proposta, que foi aprovada, por maioria, na última reunião de Câmara Municipal, realizada a 13 de Abril, tem em conta as “alterações [que] correspondem à opinião da esmagadora maioria das pessoas”, garantiu o presidente da autarquia. Afinal, contempla um aumento da área verde, mais árvores e a substituição da calçada por pavimento permeável.
O novo projecto de reabilitação do Jardim da Várzea foi “elaborado com base no anteprojecto aprovado na reunião de Câmara de 9 de Abril de 2021”, frisou o vereador com o pelouro das Obras Públicas e Particulares. Tal como ficou decidido na altura, as alterações consistem “essencialmente na substituição da calçada que estava prevista para as zonas de passagem por uma superfície mais permeável”, que será “muito parecido com o actual pavimento do jardim”, começou por explicar Pedro Navega.
A proposta agora aprovada inclui também “mais espaços verdes no meio das zonas de circulação”, cujo “pavimento é em saibro estabilizado”.

 

SÓ FICAM DUAS ÁRVORES MAS SÃO PLANTADAS MAIS
“Relativamente às árvores, serão mantidas apenas as duas que estão à entrada do jardim, junto à Caixa Agrícola”, mas em contrapartida serão plantadas novas árvores, que se enquadram mais no projecto do Jardim da Várzea e “sejam as mais indicadas para um jardim desta espécie”.
A opção de manter só duas árvores tem a ver com “um relatório fitossanitário, feito por uma empresa especializada, que mostra que cerca de seis árvores não estão em condições de poderem ser recuperadas, porque umas estão podres e outras secas”. As restantes árvores serão retiradas da Várzea, por não serem as mais adequadas para aquela zona e não fazerem parte do projecto original, da autoria do arquitecto paisagista Jacinto de Matos, estando prevista a sua colocação noutros espaços verdes da cidade, “onde se enquadrem estas espécies”.
Uma das críticas ao projecto inicial de reabilitação do Jardim da Várzea foi “exactamente” a proposta de “abater a maior parte das árvores”, mas “vamos manter esse erro”, aproveitando “apenas duas árvores”, censurou a vereadora Odete Alves, constatando que, independentemente de se enquadrarem ou não no projecto, “fazem sombra, dão um impacto visual interessante e transformam aquele jardim num local diferente ao que estamos habituados a ver noutros locais”.
A socialista reprovou ainda a escolha dos bancos e canteiros por considerar que “as opções propostas são altamente despesistas”. “Temos bancos em betão calcário com um valor astronómico e quatro canteiros em pedra calcária com um valor total de 25.600 euros”, o que é “claramente um valor exageradíssimo”. “São escolhas muito caras, conseguíamos fazer a obra com outro tipo de materiais não tão despesistas”, adiantou, anunciando o voto contra do PS, “porque estas alterações não vão de encontro à vontade dos pombalenses”.
“Os preços não são os mesmos que há um ano atrás”, advertiu Pedro Navega, assegurando que “tentámos reduzir ao máximo os custos” e “esta é a melhor proposta que temos”, tanto que “é o material e o produto mais em conta à data”.

OBRA “NASCEU TORTA”
Por sua vez, o presidente da autarquia lamentou o voto contra do PS e admitiu que “esta é uma matéria que nasceu torta, pelo que dificilmente teremos unanimidades”. Ainda assim, Pedro Pimpão recordou que esta obra não se restringe apenas ao Jardim da Várzea, “estamos a falar de um investimento total na ordem dos dois milhões de euros para requalificar uma zona central da nossa cidade”, que está “bastante desqualificada”, com o objectivo de a tornar “mais atractiva à fixação de pessoas e de investimento”.
O autarca reconheceu que também não concordava com o projecto inicial, porque “o Jardim da Várzea não é uma praça”, mas “é certo que estas alterações correspondem à opinião da esmagadora maioria das pessoas”. Afinal, está previsto um piso permeável, mais espaços verdes e mais árvores para darem sombra, mantendo aquele local como “um espaço de fruição familiar e comunitária”.
De salientar que a obra de requalificação urbana da Várzea foi adjudicada em Abril de 2021, representando um investimento global superior a 1,7 milhões de euros (acrescido de IVA) para intervir numa área total de 22.430 metros quadrados. As alterações agora aprovadas prevêem trabalhos complementares de valor superior a 107 mil euros e trabalhos a menos de quase 30 mil euros, bem como a prorrogação do prazo de execução em 90 dias.

 

Carina Gonçalves

*Artigo publicado na edição impressa de 21 de Abril