HIC ET NUNC | A Liberdade e a Cultura

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Quase 50 anos depois da Revolução dos Cravos, que significou o fim da ditadura em Portugal e o início da democracia e da liberdade, recordamos ano após ano, as dificuldades que muitos tiveram para que hoje possamos ser livres.
O facto é que a liberdade de expressão e opinião existe, no entanto, será que somos livres? Esta é uma questão que praticamente todos os Portugueses já colocaram.
O 25 de abril é para a maioria da geração mais jovem uma mera data comemorativa, jovens estes que emigram à procura de novas oportunidades em países onde o desenvolvimento é autêntico e não se esgota na retórica de políticos.
Portugal apesar de algumas melhorias continua a ser um dos países mais pobres da UE (2,2 milhões de habitantes em situação de pobreza – Pordata:2021, “base na informação do Eurostat”), e mesmo sabendo que é preciso mudar, é um povo insatisfeito com as promessas políticas efetuadas pelos nossos partidos, e que ainda continua a eleger partidos pelos quais mais tarde se sente enganado. São esses os políticos que prometem o fim da crise, mas além de não cumprirem, acabam com a cultura, património e identidade de um povo e de um país; tal como se escrevia pelos murais em 1974, “sem cultura não há liberdade”.
No passado fim-de-semana estive presente num evento privado, com jovens praticantes de breaking (modalidade conhecida por breakdance), de todo o país. Para quem não conhece, é um desporto muito abrangente, que necessita de muitas horas de treino semanais. A maioria destes jovens têm o seu trabalho habitual como meio de subsistência, o que implica que tenham pouco tempo para treinar.
A modalidade de breaking vai fazer parte, pela primeira vez, dos jogos olímpicos a partir de 2024. Tal como outros países, Portugal está na corrida do ranking para estar presente. Na competição onde estive presente, estavam muitos atletas com grandes capacidades de representar bem o nosso país em qualquer competição europeia ou mundial. No entanto, os apoios são praticamente nulos por parte do nosso país, o que faz com que muitos não possam estar presentes nas competições; ao contrário do que acontece no futebol onde são dados milhões de euros anualmente.
É neste género de desporto, e em outros setores ligados à cultura, que os apoios são muito escassos por parte das nossas entidades estatais. Será que esta sociedade se sente livre quando comparamos estes sectores com o futebol?
Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, dispõe de menos de 0,3% do OE para 2022 para a Cultura do nosso país, como será possível fazer omeletes sem ovos?
Sem cultura é a identidade de um povo que fica em causa. Só com cultura e com desenvolvimento económico é possível vivermos em democracia e sermos livres, para que possamos ter um país do qual nos orgulhemos perante as gerações futuras, precisamos de dar sentido a uma efeméride cada vez mais oca de conteúdos, sermos mais prósperos, mais justos e repartir essa riqueza. Sabemos que não é fácil, mas também sabemos que não é impossível.

João Santos
Filiado do CDS-PP
#queremosresponderaospombalenses