PEDRO PIMPÃO | “Pombal ainda tem muito para dar às novas gerações”

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Depois de passar pela Assembleia da República e pela Junta de Freguesia de Pombal, onde cumpre o primeiro mandato, Pedro Pimpão sente-se “preparado” para concretizar “uma nova ambição” no concelho, que permita “fixar mais pessoas e talento”. Para isso, propõe tornar o “concelho mais verde e sustentável, mais digital e inovador e mais atractivo ao investimento e à fixação de pessoas”. Neste desafio, pretende trabalhar com todos os pombalenses, incluindo a oposição.

Pombal Jornal (PJ) – O que o levou a querer ser candidato à Câmara de Pombal?
Pedro Pimpão (PP) – Eu nasci e cresci em Pombal. Apesar de ter estudado um ano em Espanha, ter tirado a licenciatura em Coimbra e ter estado no Parlamento em Lisboa, mantive sempre uma forte ligação a Pombal, tanto que a determinada altura escolhi Pombal para implementar o meu projecto de vida pessoal, familiar e profissional. Desde cedo que me sinto muito comprometido com a evolução desta terra.
Naturalmente que gostando de Pombal como gosto e sentindo este apelo à possibilidade de ser candidato à Câmara, tomei esta decisão ponderada com a família e achei que este era o momento. Sinto-me preparado para assumir este desafio e considero que Pombal ainda tem muito para dar às novas gerações.

PJ – O que é que a sua candidatura traz de novo?
PP – Entendemos que existe um conjunto de sinergias que podem ser desenvolvidas para dar novas respostas a problemas que surgiram, nomeadamente em termos de pandemia, daí o mote da campanha ser “uma nova ambição”.

PJ – Qual é a “nova ambição” para o concelho?
PP – A nova ambição é fixar as gerações mais jovens em Pombal. A nossa maior ambição é fixar mais pessoas e talento, criando condições para que os nossos jovens se fixem em Pombal. Para isso, temos um caminho a trilhar com as pessoas para tornar o nosso concelho mais verde e sustentável, mais digital e inovador e mais atractivo ao investimento e à fixação de pessoas. É com estas três linhas orientadoras estratégicas que vamos concretizar a nova ambição de criar condições no nosso concelho para fixar as novas gerações. Nesse sentido, vamos definir uma estratégia e apostar num modelo colaborativo e agregador, onde as pessoas têm um papel principal. Daí que a primeira coisa que vou fazer enquanto presidente de Câmara é estabelecer um plano estratégico de desenvolvimento do nosso concelho para a próxima década, até 2030, com linhas concretas, metas e indicadores para definir as prioridades e os objectivos que temos de prosseguir em conjunto. Este plano estratégico tem de estar alinhado com os objectivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para 2030, com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e com o novo quadro comunitário Portugal 2030.

PJ – E quais são os objectivos do PSD para estas Autárquicas?
PP – A minha candidatura é suportada pelo PSD, mas é uma candidatura de todos os pombalenses e onde todos têm lugar. Quero que as pessoas sintam que o futuro depende de todos nós, independentemente das ideologias, porque é muito mais forte o que nos une do que o que nos separa.
Para o PSD, o objectivo é reforçar o resultado que tivemos há quatro anos, em que tivemos a maioria na Câmara e na Assembleia Municipal e conquistámos 10 das 13 freguesias.

PJ – Que balanço faz destes últimos quatro anos de governação do PSD?
PP – Estes quatro anos foram marcados pela pandemia que assolou o mundo e marcou a governação autárquica. Mas o balanço é positivo, considerando os compromissos eleitorais. Há um esforço grande por parte da Câmara Municipal para concretizar esses objectivos.

PJ – E a oposição tem sabido cumprir o seu papel ou poderia ter feito mais?
PP – Na minha opinião, as oposições devem ser construtivas e mais centradas nas ideias e não nas pessoas. Infelizmente, isso não tem acontecido em Pombal. Não temos tido uma oposição construtiva, no sentido de dar o seu contributo para projectos a desenvolver em Pombal. As pessoas estão um bocado cansadas da política, porque está mais centrada nas pessoas e não tanto nos projectos. Mas também tem de haver abertura do executivo para envolver a oposição. Espero, a partir de 26 de Setembro, ter uma oposição construtiva e, se for eleito, estarei aberto a novas ideias e projectos.

PJ – Já referiu que vai trabalhar “activamente” com a oposição. Foi isso que faltou ao actual executivo?
PP – Não sei se foi o que faltou, eu sei como gosto de trabalhar. Gosto de trabalhar com todos e envolvendo todos os representantes, porque se foram eleitos é porque as pessoas também reconheceram neles capacidades para terem um papel activo. Eu estou disponível para envolver todos nessa governação. E isso não significa unanimismo, mas estarmos abertos a novas sugestões e ideias, até porque a maioria dos candidatos comunga dos principais objectivos, ou seja, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, aumentar as condições para que os jovens se fixem em Pombal e apostar no desenvolvimento económico. Portanto, há vários pontos em comum, onde podemos divergir é no caminho para atingir esses objectivos.

PJ – A oposição tem criticado muito este executivo por não dar prioridade ao investimento e ao turismo. Concorda?
PP – Em relação ao turismo, na última Assembleia Municipal foi aprovado um plano estratégico para a área do turismo. Esta é uma área que em Pombal tem um grande potencial, pelo que será uma das principais áreas de desenvolvimento do nosso concelho, nomeadamente o turismo sustentável.
Na parte económica, reconheço o esforço grande em aumentar a disponibilidade de espaços no nosso território para acolher empresas. Considero, contudo, que a Câmara Municipal de Pombal tem de ter um papel mais activo junto dos principais investidores e temos de criar algumas condições para que os investidores tenham um conhecimento efectivo das mais-valias do seu investimento no território.
Nesse sentido, já referi que quero instalar em Pombal um espaço empresa em parceria com o IAPMEI, tornar o Gabinete de Apoio ao Investidor e Desenvolvimento Económico mais proactivo e multidisciplinar, com uma gestão integrada dos espaços industriais e um aumento das zonas no âmbito do PDM para atrair novas empresas. Vamos ter novas zonas de acolhimento empresarial nas freguesias, requalificar a Zona Industrial da Formiga o mais depressa possível e aumentar a capacidade instalada do Parque Industrial Manuel da Mota para o dobro.

PJ – Falou do objectivo de ter um Gabinete de Apoio ao Investidor e Desenvolvimento Económico mais proactivo e multidisciplinar. O actual gabinete não serve os interesses dos empresários e investidores?
PP – Eu reconheço o esforço da Câmara em atrair mais investidores, sobretudo nos últimos anos em que várias empresas compraram terrenos para investir em Pombal. Portanto, tem sido feito um esforço positivo, mas entendo que tem de haver uma abordagem mais eficaz, multidisciplinar e mais próxima dos investidores. Não gosto de falar de promessas, prefiro assumir compromissos e um dos meus compromissos é atrair mais empresas e criar a via verde para o investimento.

PJ – O que é a via verde para o investimento?
PP – Nas visitas que tenho feito a várias empresas do nosso concelho de diversos sectores de actividade, que empregam desde três ou quatro pessoas até centenas colaboradores, há duas problemáticas que apontam. A primeira tem a ver com os licenciamentos e a via verde para o investimento é criar na Câmara um canal dedicado que dê um acompanhamento individual a cada processo e personalizado a cada investidor, no sentido de agilizar o licenciamento o mais depressa possível. Percebemos que o tempo das empresas não é o mesmo da administração pública e a administração pública tem de se adequar ao tempo da economia e por isso vamos ter gestores de processo dedicados a cada projecto de investimento para fazer o acompanhamento permanente ao próprio empresário e investidor.

PJ – Nesta área há ainda o compromisso de transformar Pombal no motor económico da região. Não tem sido dada a devida importância à atracção de investimento?
PP – Tem sido feito um trabalho positivo, mas temos de aprofundar esse trabalho. Quando digo que Pombal tem de ser o motor económico da região é porque temos uma localização estratégica privilegiada e um conjunto de acessibilidades que devem ser cada vez mais aproveitadas para aumentar a nossa atractividade.

PJ – Acha que este executivo tem sabido aproveitar essas potencialidades?
PP – Temos feito esse caminho. Contudo, o desafio de ter mais pessoas em Pombal também depende de ter mais emprego e só conseguimos ter mais emprego com mais empresas. Portanto uma das prioridades da governação autárquica é criar condições para que mais empresas se fixem. Estou muito focado nesse objectivo.

uma das prioridades da governação autárquica é criar condições para que mais empresas se fixem

PJ – Na sua opinião, o concelho ganhou ou perdeu protagonismo na região em termos económicos e de atracção de empresas?
PP – Não sei se ganhou ou perdeu. Eu quero é que Pombal esteja à frente em termos de captação de investimento. Em vez de olhar para o retrovisor, prefiro olhar para a frente e para as potencialidades para perceber como é que conseguimos atingir os nossos objectivos colectivos.

PJ – Acredita que Pombal consegue competir com Leiria ou Coimbra, que são maiores pólos de atracção?
PP – Para além de competir, considero que temos de tirar mais proveito do facto de estarmos localizados entre Leiria e Coimbra. Em vez de olhar para as dificuldades, temos de olhar para as potencialidades que existem devido à proximidade a dois eixos importantes, nomeadamente na área do conhecimento. Por exemplo, o Politécnico de Leiria e a Universidade de Coimbra têm um trabalho notável na área da investigação aplicada ao tecido económico e social, por isso, podemos tentar aproximar o ensino superior de Pombal e associá-lo ao nosso tecido empresarial e com isso criar mais valias no desenvolvimento do nosso território. Portanto, vamos aproveitar esta proximidade a Leiria e Coimbra para ser um pólo agregador de investimento.
Para além disso, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria está sedeada na cidade de Leiria e tem um conjunto de financiamentos comunitários que temos de saber cativar. Por outro lado, em Coimbra temos a CCDR que é responsável por outro programa alargado de fundos comunitários. Temos de tirar partido deste nosso posicionamento, por isso em vez de olhar para Leiria e Coimbra como obstáculos, devemos olhar como parceiros privilegiados de desenvolvimento de uma região, que não é só Pombal, pois podemos ser a porta de entrada para o interior e assumir um papel relevante no litoral centro.

podemos ser a porta de entrada para o interior e assumir um papel relevante no litoral centro

PJ – No que toca ao ensino superior defende a criação de um campus de ensino polivalente e moderno em Pombal. O edifício do Hotel Pombalense pode ser uma alternativa para instalar esse campus de ensino?
PP – Na minha opinião, este núcleo de formação do IPL é uma boa oportunidade para se assumir como uma alavanca para criar em Pombal um ecossistema de inovação e empreendedorismo. A localização desse campus é uma das matérias onde acho que deve haver consenso entre as várias forças políticas e acho que há um espaço enorme para haver essa articulação porque é um objectivo comum.
Neste momento, temos seis cursos superiores profissionais. Se cada um tiver 20 alunos, significam 120 alunos este ano lectivo e 240 alunos no próximo ano.
Defendo que se deve criar uma infra-estrutura de raiz onde tenhamos salas de aula para esses cursos técnicos superiores profissionais, mas também aproveitar para criar outro tipo de sinergias. Paralelamente, no mesmo edifício podemos e devemos ter laboratórios de investigação, uma incubadora de empresas de base tecnológica associada à Startup de Leiria ou ao IPN de Coimbra, um espaço de coworking para profissionais liberais e estudantes, um fablab com equipamentos técnicos e industrias, uma biblioteca técnica e, numa segunda fase, uma residência para estudantes ou jovens. Isto é possível de concretizar, supondo que o PRR tenha algumas linhas de financiamento nesse sentido.

PJ – E qual é o local que sugere para instalar esse campus de ensino?
PP – Tenho duas sugestões para instalar este campus de ensino ou pólo tecnológico. Mas essa é uma área tão importante e estratégica que deve merecer o consenso dos partidos da oposição, que devem ser envolvidos nesta decisão.

PJ – É possível ter concluído esse campus de ensino em Setembro de 2023?
PP – Há várias pessoas que me dizem que não há tempo. Eu acho que, se houver vontade e consenso político em torno deste assunto, é possível.

PJ – Concorda com a aquisição do Hotel Pombalense por parte da Câmara Municipal?
PP – Acho que seria mais razoável essa aquisição acontecer num período que não fosse a dois meses das eleições autárquicas, quer por motivos financeiros, quer por motivos estratégicos. Em termos financeiros, esta aquisição é um esforço grande de dois milhões de euros, a que acresce o valor para reconverter o hotel para outros fins. Por isso, reconhecendo a legitimidade da CMP, creio que seria mais razoável que esta decisão (a ser tomada) fosse obtida com prévia articulação dos partidos políticos, porque é uma decisão relevante, com impacto no futuro próximo e que devia ser merecedora de consenso.
Em termos estratégicos, a solução do hotel para instalar o IPL é limitadora tendo em conta o ecossistema de empreendedorismo e inovação que defendo associado ao ensino superior. A minha ideia é manter e reforçar este protocolo com IPL, por isso, defendo antes uma solução de raiz para termos realmente uma infra-estrutura moderna, competitiva, multifacetada e atractiva a esta nova dinâmica.
Face ao exposto e apesar de não ter todos os dados em minha posse, por princípio, não concordo com a aquisição de uma unidade hoteleira privada para instalação de serviços públicos.

a solução do hotel para instalar o IPL é limitadora

PJ – O eventual encerramento desta unidade hoteleira não será prejudicial para o turismo no concelho?
PP – Com a diminuição da oferta disponível no Hotel Pombalense ficamos com menos cerca de 41 camas e se queremos o concelho cada vez mais atractivo e com mais visitantes, temos de reforçar a nossa capacidade hoteleira. Naturalmente, que isso vai ter impacto na capacidade de acolher grandes eventos desportivos e culturais e grandes iniciativas que atraiam mais gente ao nosso território.

temos de reforçar a nossa capacidade hoteleira

PJ – Na sua apresentação disse que quer ser o presidente de todos. O que é que isso significa em concreto?
PP – Eu quero ser o presidente de todos os pombalenses porque o nosso concelho é feito com cada um, independentemente da idade, conhecimento, proveniências ideológicas, partidárias ou clubistas. No meu exercício de funções, quero sentir que todos são envolvidos e ninguém fica para trás. E ser o presidente de todos também significa dar atenção às pessoas mais vulneráveis.

PJ – Nas mensagens de apoio à sua candidatura descrevem-no como sendo “um de nós”. Sente que pode aproximar os pombalenses da política?
PP – Sem dúvida. No exercício de funções, quero que as pessoas estejam mais próximas da Câmara Municipal, mas a Câmara Municipal também tem de estar mais próxima das pessoas para percebermos mais facilmente as suas expectativas, problemas e desafios para encontrarmos soluções mais eficazes.

PJ – Se ganhar, qual será a grande diferença no concelho daqui a quatro anos?
PP – As pessoas vão sentir o orgulho de ser pombalense. Temos de recuperar o orgulho de ser de Pombal e isso só acontece mobilizando as pessoas em torno de projectos concretos que puxem pela nossa auto-estima. Daqui a quatro anos, quero que as pessoas sintam que este é um concelho mais verde e com um ecossistema de empreendedorismo e inovação, onde há articulação com investimento económico e apoio ao desenvolvimento de novas ideias e onde a qualidade de vida e bem-estar estão em primeiro lugar.

Temos de recuperar o orgulho de ser de Pombal

PJ – Neste momento não há esse orgulho em ser pombalense?
PP – Muitos têm, mas acho que tem de ser reforçado. É preciso as pessoas reverem-se nos seus eleitos e isso só acontece se trabalharmos cada vez mais pela positiva, porque as pessoas estão cansadas de ataques pessoais e querelas partidárias. As pessoas precisam de ver Pombal ser notícia por bons motivos e ver as suas ideias valorizadas por quem as representa. Se conseguirmos isso, as pessoas vão aumentar a identificação com o território e com o projecto de desenvolvimento para o concelho.

Sempre disponível para os outros

Pedro Pimpão é o candidato mais jovem à presidência da Câmara de Pombal, mas nem por isso a política é novidade para ele. Bem pelo contrário. Conhece os bastidores das campanhas eleitorais desde muito novo, quando ainda em criança acompanhava a mãe em algumas campanhas. E foi precisamente a mãe que lhe colocou o “bichinho de estarmos permanentemente ao serviço dos outros de forma desinteressada”, frisa. O gosto de também ele “fazer algo pela minha comunidade” foi crescendo, tanto que é com prazer que hoje assume o desafio de concorrer ao cargo de presidente da Câmara. E fá-lo porque quer ter um papel activo na construção de um futuro melhor para a terra que o viu nascer e crescer. Mas também para criar melhores condições para as novas gerações, das quais fazem parte os seus filhos. E são exactamente os filhos, Santiago e Aurora, mas também a esposa Catarina, os “pilares mais importantes” da sua vida.
Advogado de profissão, gosta de “viajar e conhecer o mundo para recolher boas práticas que possa implementar na nossa comunidade”. O maior desafio da sua vida foi vivido no ano passado quando percorreu os 900 quilómetros do Caminho de Santiago que separam os Pirineus de Finisterra. “Foi um momento muito importante de reflexão interior e desenvolvimento pessoal”. O trail running, modalidade que pratica actualmente, e o futebol, que jogou durante duas décadas, prepararam-no para esse desafio.
Pedro Pimpão é “um apaixonado pelo desporto”, com o qual aprendeu muitos dos valores com que rege a sua vida: o espírito de entreajuda, o trabalho colectivo, o esforço que precisa para atingir os objectivos e a importância de treinar e trabalhar para conseguir alcançar os resultados. Foi também escuteiro e ainda hoje orienta a sua vida com os princípios que lá aprendeu, tendo também adoptado a máxima do fundador do escutismo: “a melhor forma de sermos felizes é contribuirmos para a felicidade dos outros”.

Carina Gonçalves | Jornalista

*Entrevista publicada na edição impressa de 29 de Julho