Presidentes de Câmara põem as ‘mãos na massa’

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Estamos habituados a ouvi-los discursar, a debater questões políticas, a fazer inaugurações, a serem bons e maus protagonistas na imprensa e no mundo das redes sociais. À maior parte dos presidentes de Câmara, pouco tempo sobra para lá de uma agenda preenchida, a um ritmo diário que deixa pouco espaço para outros afazeres, longe dos holofotes.
A pretexto de uma edição com um toque natalício, quisemos saber o que gostam de ter à mesa da Consoada e, para isso, desafiámos os presidentes das Câmaras Municipais de Pombal, de Ansião e de Soure a deixarem uma sugestão para os nossos leitores.

Se na política Pedro Pimpão está como ‘peixe na água’, na cozinha o autarca de Pombal prefere entregar os créditos a quem melhor sabe. Habituado a desafios, não se fez rogado perante o convite do Pombal Jornal e pediu ajuda à mãe para preparar as rabanadas que nunca faltam na mesa de Natal. À dupla juntou-se, ainda, Aurora, a filha mais nova do social-democrata, que animou os momentos passados na cozinha de Alice Faustino.
António José Domingues não se deixa intimidar pela cozinha, mas o pouco tempo disponível não lhe dá azo a grandes aventuras nesta arte. Por isso, a opção foi “conseguir fazer alguma coisa rápida e simples”, depois de um fim-de-semana muito preenchido. “Lembrei-me de uns coscorões que me estavam a apetecer comer” e, por isso, “juntei o útil ao agradável”. Preferia ter partilhado com os leitores a receita da mãe, que é “especial”, mas esse inimigo chamado “falta de tempo” não lhe permitiu ir a casa da mãe nem, tão pouco, ligar-lhe cedo. O autarca socialista, que preside à Câmara de Ansião, socorreu-se então de uma receita “simples” mas capaz de surpreender os fãs de coscorões.
Dos lados de Soure, Mário Jorge esmerou-se para ‘conquistar’ os palatos mais exigentes do eleitorado. O socialista vestiu-se a rigor e pediu ajuda à nutricionista do Município para preparar algo diferente, mas onde não faltassem ingredientes regionais e da época. O resultado foi uma Trouxa de Bacalhau e Couve Portuguesa com Legumes Assados e Puré de Batata Doce que não deixará ninguém indiferente, a julgar, desde logo, pelas imagens.

 

MÁRIO JORGE NUNES
Presidente da Câmara Municipal de Soure

Daniela Simões Andrade, nutricionista da Câmara de Soure, com o presidente, Mário Jorge Nunes

Trouxa de Bacalhau e Couve Portuguesa com Legumes Assados e Puré de Batata Doce

Para 1 pessoa:
– 1 lombo de bacalhau pronto a cozer
– 1 batata doce média
– 4 folhas de couve portuguesa
– 50g de abóbora
– 50g de cogumelos
– 10g de nozes
– 1 fatia de queijo curado
– 1 dente de alho
– Azeite e orégãos q.b.

Preparação:
Cozer os lombos de bacalhau e deixar arrefecer antes de retirar as espinhas e pele.
Descascar e cozer a batata doce em cubos.
Cozinhar levemente 2 folhas de couve inteiras, livre de talos.
Cortar a abóbora em cubos, os cogumelos e a restante couve em tiras, misturar numa assadeira. Juntar as nozes e temperar com azeite, alho picado e orégãos e levar ao forno para assar.
Colocar o lombo de bacalhau sobre as folhas de couve previamente cozidas inteiras, por cima a fatia de queijo curado e fechar a trouxa. Levar ao forno a terminar de cozinhar, sobre os legumes na assadeira.
Reduzir a batata doce a puré e acompanhar a trouxa de bacalhau em cama de legumes.

Resultado final

Recomendações da nutricionista da Câmara Municipal de Soure, Daniela Simões Andrade:
“Para a sugestão apresentada, foram seleccionados produtos alimentares tradicionais, regionais e sazonais, pelos seus diversos benefícios, já que sendo consumidos na sua época sazonal apresentam melhor sabor e maior valor nutricional.
A refeição de Natal deve ser iniciada com sopa de hortícolas, preferencialmente com leguminosas incluídas, completada com prato principal composto por hortícolas, cereais e derivados ou tubérculos e ainda carne, pescado, ovos ou equivalentes vegetais e terminada com sobremesa, preferencialmente fruta.
O complemento da refeição com frutos secos oleaginosos, nomeadamente as nozes, permite fornecer gorduras insaturadas, que promovem a saúde cardiovascular e a eficaz função cognitiva, com melhoria da memória e do raciocínio.
Para sobremesa, que nesta época inclui muitas vezes opções doces, as sugestões recaem sobre as sobremesas lácteas, como arroz doce, aletria ou leite creme, que apresentam teores de gordura e açúcar inferiores a outras opções.
Acima de tudo, a recomendação é saborear os alimentos típicos da época, com equilíbrio e com preferência por opções que apresentem benefícios nutricionais.”

 

PEDRO PIMPÃO
Presidente da Câmara Municipal de Pombal

Pedro Pimpão com a mãe, Alice Faustino, e a filha, Aurora

RABANADAS DA ALICE FAUSTINO

Ingredientes:
Pão (cacete)
Leite
Paus de canela
Canela em pó
Cascas de limão
Açúcar
Ovos
Papel absorvente
Óleo

Modo de confecção das rabanadas:
Primeiro tem que se comprar pão de cacete com dois ou três dias de antecedência face ao momento em que se pretende fazer as rabanadas.
A primeira coisa a fazer é aquecer leite (bem quente) com pau de canela, um bocado de açúcar e umas cascas de limão.
Precisamos de uma frigideira com óleo (não muito) e batem-se ovos numa taça por onde passam as fatias de pão depois de ensopadas no leite previamente preparado numa taça à parte.
A seguir à passagem pelo leite e pelos ovos batidos, fritam-se as rabanadas e depois passam-se numa mistura de açúcar e canela.
A parte final é decisiva porque as rabanadas têm que ser bem escorridas em papel de cozinha para não ficarem aboboradas (cheias de óleo).

A parte melhor é à mesa, no final da consoada, a seguir ao bacalhau, comer a bela da rabanada que se aconselha que seja acompanhada com um cálice de vinho do Porto que faz a companhia ideal.
Em nossa casa, e na consoada, as rabanadas são presença imprescindível e uma tradição que espero que seja mantida durante muitos e bons anos!

Durante a confecção da receita, Aurora animou os ‘cozinheiros’ de serviço

 

ANTÓNIO JOSÉ DOMINGUES
Presidente da Câmara Municipal de Ansião

António José Domingues optou por uma sugestão simples
No final, António José Domingues e a mulher fizeram um brinde

Coscorões à Avó Lurdes
Ingredientes
600 gr de farinha
4 ovos
Raspa de uma laranja
Sumo de uma laranja
60 gr de manteiga
60 gr de açúcar
Uma pitada de sal
Aguardente (a gosto +/- 50ml)
Açúcar e canela para polvilhar

Confecção dos Coscorões à Avó Lurdes
Colocar a farinha dentro de uma bacia (de preferência de barro, mas pode ser de plástico), fazer uma cavidade na farinha e juntar a margarina derretida, o açúcar, as gemas, o sumo de laranja, a raspa de laranja e a aguardente. Amassar, amassar, amassar muito bem até obter uma massa lisa tipo massa de pão.
Fazer uma bola com a massa, colocá-la dentro de uma tigela, tapar com um pano e deixar repousar durante 1 hora.
Passado o tempo indicado, polvilhar a bancada com farinha, colocar a bola de massa em cima da bancada polvilhada, colocar um pouco de farinha na massa e
amassar muito bem até a mesma deixar de colar nas mãos. De seguida, estender a massa com o rolo em cima da bancada polvilhada com farinha, até uma obter espessura ligeiramente fina. Depois a massa é cortada em retângulos ou quadrados (conforme o tamanho e variedade que queira dar aos coscorões). Fazer-lhe depois
dois cortes na vertical e levá-los a fritar em ambos os lados em óleo bem quente até ficarem bem douradinhos de ambos os lados.
Retirar, colocar num prato com um papel absorvente. Colocar num recipiente à escolha, açúcar misturado com canela e polvilham-se os coscorões com a mistura.
Colocar num prato ou travessa e estão prontos a servir.