Habitação colaborativa permite a 17 idosos viver com autonomia e segurança

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As oito casas, que vão permitir aos idosos viver com independência, são disponibilizadas pelo Lar da Felicidade, em Meirinhas. O projecto de habitação colaborativa é o primeiro a surgir no país e vai receber os primeiros cinco utentes já neste mês de Julho. Os futuros residentes vão poder confeccionar as próprias refeições, tratar da roupa e, até, criar uma horta, num espaço que ficou reservado para esse efeito.

Isabel Damasceno, Carla Marques Mendes, Pedro Pimpão, D. José Ornelas e Cristina Ribeiro

Fica nas Meirinhas aquela que é a primeira habitação colaborativa para idosos em Portugal. Uma resposta social inovadora, da responsabilidade do Lar da Felicidade – Associação de Solidariedade Social, e que vai permitir aos residentes viver com independência, sem imposição de horários, mas com a garantia de acompanhamento 24 horas por dia, por parte dos colaboradores da instituição, uma vez que as vivendas – um T0, um T2 e seis T1 – ficam a escassos metros da Estrutura Residencial e do Centro de Dia. Em caso de necessidade urgente, basta clicar no botão de alarme instalado junto à cama.
Os idosos vão poder realizar todas as tarefas de forma autónoma, mas podem, se assim o desejarem, requerer a prestação de serviços à instituição, como a alimentação ou o tratamento da roupa.

Os idosos vão poder realizar todas as tarefas de forma autónoma

Para além das habitações, o projecto inclui ainda espaço para uma horta comunitária e um espaço comum, dotado de uma sala ampla, cozinha e lavandaria comunitária. Ali, os idosos podem receber família em datas festivas ou realizar outras iniciativas conjuntas, mediante o definido pelo futuro Conselho de Residentes, a quem caberá elaborar um plano de actividades que envolva quem ali habita.
As unidades residenciais foram inauguradas no dia 21 de Junho, numa cerimónia presidida pela secretária de Estado da Acção Social e da Inclusão, Carla Marques Mendes, e que contou com a bênção do Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. José Ornelas.
Tem como objectivo dar uma resposta inovadora no domínio do envelhecimento activo e da inclusão social e é, cada vez mais, “uma alternativa crescente em Portugal”, como adiantou a directora técnica da IPSS, Cristina Ribeiro, “especialmente para idosos que procuram uma vida mais activa, sustentável e menos isolada”.

A habitação colaborativa é “uma alternativa crescente em Portugal”

O projecto de habitação colaborativa representou um investimento total superior a 800 mil euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ao abrigo de uma candidatura feita pela consultora Inov4You, com sede em Meirinhas, a que se juntaram fundos próprios e o apoio do Município. Sobre esta matéria, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro, Isabel Damasceno, elogiou a capacidade da IPSS em aproveitar os fundos que o PRR coloca à disposição.
Também o presidente da Junta, João Pimpão, destacou o carácter inovador desta resposta social, considerando que este facto é “uma constatação” do espírito das gentes da freguesia, exemplos de “trabalho, inovação e empreendedorismo”.
Depois de enaltecer a marca diferenciadora do projecto e a resiliência da instituição na concretização da obra, o presidente da Câmara de Pombal assumiu o compromisso de vir a apoiar a obra, mas sem apontar números concretos. “Cá estaremos para ajudar. É o meu compromisso”, afirmou Pedro Pimpão, acrescentando que esta resposta social é exemplo de “uma boa prática” no domínio do envelhecimento activo e feliz.
Para a secretária de Estado, “é uma resposta que vai trazer, em si mesma, a felicidade e a dignidade no envelhecimento” e, ao mesmo tempo, combater a “solidão”.

“É uma resposta que vai trazer, em si mesma, a felicidade e a dignidade no envelhecimento”

A governante destacou o “serviço público” desta e das instituições em geral, que se “subsituem ao Estado” no apoio social e, nessa medida, reconheceu que “muito pouco tem sido feito” no que toca a políticas de envelhecimento. “Esta resposta vai ao encontro daquilo que é o combate ao isolamento”, vincou Carla Marques Mendes.
No final da cerimónia, a instituição prestou homenagem às colaboradoras mais antigas.

Direcção e colaboradores do Lar da Felicidade

 


*Notícia publicada na edição impressa de 3 de Julho