O Município de Pombal já contratou uma consultora para elaborar a proposta de classificação do Bioparque de Pombal (Charneca) como área protegida. O contrato é de 140 dias e foi realizado pelo valor de 19800 € à empresa Território XXI – Gestão integrada do território e ambiente. No caderno de encargos, está explícito que a empresa terá de preparar e entregar um dossier com a proposta de Classificação como Reserva Natural a submeter a discussão pública, com a inclusão de todos os documentos necessários, entre os quais o relatório de caracterização do espaço, a definição de objectivos estratégicos, a articulação com o PDM, a delimitação cartográfica da área e a elaboração da proposta do regulamento de gestão.
Segundo a vereadora Isabel Marto, o objectivo é o de “preparar toda a documentação legal necessária para que este assunto seja levado à Assembleia Municipal de dezembro”. A autarca diz que já foi recolhida muita informação, nomeadamente pelo movimento Os Amigos do Arunca, e “agora é organizar essa informação, complementar com a parte legal e criar um regulamento de gestão da área”. Essa gestão poderá ser partilhada entre o Município e outros grupos, como Os Amigos do Arunca. “Iremos depois conversar e ver quem estará interessado”, revela Isabel Marto, assumindo que a autarquia não tem experiência na gestão de áreas protegidas.
Para Os Amigos do Arunca, a classificação é uma boa notícia, “mas que peca por tardia, vindo com três anos de atraso”
Para Os Amigos do Arunca, este passo para classificar o Bioparque como área protegida é uma boa notícia, “mas que peca por tardia, vindo com três anos de atraso”. Emanuel Rocha diz que foram três anos de muito trabalho, com mais de 500 espécies identificadas e com muitas visitas ao local com especialistas de várias áreas, esperando que todo esse trabalho seja usado no documento final. O elemento do movimento Os Amigos do Arunca mostra-se algo preocupado, pois “o tempo que estamos a demorar para proteger, classificar e criar um plano de gestão, é tempo em que o Bioparque se degrada”. E refere que essa degradação é rápida e que há evidências que já estão à vista. “Se lá formos agora, a trufeira está muito mais rija e as silvas estão a começar a aparecer”, revela.
Da parte d’Os Amigos do Arunca, “ficamos felizes que a classificação esteja a avançar, mas gostávamos que este processo tivesse sido conduzido por nós, com o apoio do Município que tem técnicos capazes para o fazer”. Emanuel Rocha mostra-se também um pouco receoso da contratação da Território XXI, que também está ligada ao processo de classificação da Serra de Sicó, processo esse do qual não se têm conhecido avanços nos últimos tempos.
Quanto a possíveis limitações no Bioparque após a classificação, Emanuel Rocha diz que não deverão existir muitas restrições. “O mais importante é a flora, nomeadamente pelo menos dez espécies que estão em vias de extinção, e algumas delas até são favorecidas pelo pisoteio”, garante. Para ele e para o movimento Os Amigos do Arunca, o que interessa mesmo é que haja um plano de gestão e quanto mais cedo, melhor.
*Notícia publicada na edição impressa de 22 de Maio