Metal das torneiras cobiçado pelos “amigos do alheio”

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Os metais não preciosos continuam na mira dos “amigos do alheio”. As torneiras são a nova moda. Só numa propriedade na zona da Charneca, freguesia de Pombal, foram furtadas meia dúzia. E tudo aconteceu em plena luz do dia. O prejuízo é de perto de 400 euros, contabilizando apenas as torneiras.


Tudo aconteceu no primeiro fim-de-semana deste mês de Junho. Ao final da tarde de sábado (dia 4), Agostinho Nogueira andava a montar os aspersores de rega num terreno de cultivo quando “um carro suspeito” entrou “com alguma velocidade” na estrada de terra batida que dá acesso à sua propriedade e a outros terrenos agrícolas.
“Esta estrada é utilizada quase só por caçadores e alguns proprietários que têm aqui terrenos”, contou, adiantando que normalmente conhece quase todas as viaturas que ali passam. Mas o que lhe chamou mais a atenção nem foi o facto de o carro ser desconhecido. “O indivíduo travou de repente e voltou para trás quando se apercebeu da minha presença”, o que achou “estranho, mas nem liguei”.
Nessa altura, “o indivíduo vinha acabar o serviço que tinha começado de manhã”, continuou Agostinho Nogueira, que ainda não tinha dado pela falta das torneiras. Mas um vizinho já tinha visto aquele carro ali parado de manhã e um homem com a mesma descrição dentro do terreno, o qual fugiu assim que viu alguém chegar.
O comportamento suspeito indica que provavelmente nessa altura o homem estaria a concretizar o assalto. Mas foi só na manhã de domingo que Agostinho Nogueira deu pela falta das torneiras e apresentou queixa na GNR.
Por isso, à tarde voltou para o terreno “para arranjar as torneiras roubadas”. E qual não foi o seu espanto quando o carro suspeito voltou “por volta das 15h30 para acabar o serviço, mas quando me viu travou de repente, fez marcha atrás, abriu o porta bagagens, tirou a matrícula e arrancou a grande velocidade”.
Apesar de não ter tirado a matrícula, tem bem presente as características do carro. “Era um Opel Corsa dos antigos de cor grená, que tinha o pára-choques do lado do pendura amolgado e pintado de outra cor”, contou, salientando que depois disso já várias pessoas lhe disseram que um carro com as mesmas características foi associado a outros assaltos.
“O indivíduo partiu seis caixas de rega e roubou seis torneiras”, contou o proprietário do terreno, adiantando que “devia estar de volta da sétima” quando foi surpreendido pela chegada do dono da parcela ao lado.
No total, “tenho um prejuízo de 395 euros só em torneiras, já não estou a contar com a mão-de-obra nem com as caixas de betão que partiram”, disse indignado. “Uma pessoa tem gosto em ter as coisas como deve ser, mas depois acontece isto”, lamentou.

PRIMEIRA QUEIXA REGISTADA NA GNR

O roubo desta meia dúzia de torneiras na Charneca é porventura a única ocorrência deste tipo registada pela GNR. Afinal, desde o início do ano, aquela autoridade tem registo apenas de “uma situação relacionada com furto de metais não preciosos, ocorrida na freguesia de Pombal”, informou ao nosso jornal o responsável pelas relações públicas do Comando Territorial de Leiria.
Já no “período homólogo de 2021, houve o registo de quatro situações relacionadas com o mesmo tipo de furto, registadas nas freguesias de Pelariga, Carnide, Redinha e Vermoil”, adiantou o tenente-coronel Pedro Rosa.
“O furto de metais não preciosos tem como alvo qualquer infra-estrutura ou equipamento que contenha metal, sendo o cobre aquele que maiores lucros gere e, por isso, ser chamado de ‘ouro vermelho’”, frisou o responsável de relações públicas, destacando que os “cabos da rede de cobre da MEO – Altice Portugal” são o metal não precioso furtado com maior interesse.
Mesmo não sendo um metal precioso, a GNR aconselha a instalação de alarmes e a colocação de marcas nos equipamentos e instalações mais sensíveis e vulneráveis, bem como o “reforço das medidas de protecção de infra-estruturas (onde possível)”.
Além disso, aquela autoridade sugere que seja dado conhecimento à GNR dos locais onde estejam instalados os equipamentos mais vulneráveis, comunicadas imediatamente situações de furto, preservado o local da ocorrência, informada a GNR sobre potenciais compradores de metais e removidos alvos atractivos.

Carina Gonçalves | Jornalista

*Notícia publicada na edição impressa de 23 de Junho