HIC ET NUNC | O Arunca

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Este fim de semana dediquei algumas horas a conhecer melhor o rio Arunca, a jusante da cidade de Pombal. Sem grande esforço foi possível identificar alguns pontos de stress com descargas notoriamente poluentes ainda na freguesia de Pombal. A maioria desses efluentes está relacionado com zonas em que a falta de saneamento básico é conhecida e tarda a ser resolvida, nomeadamente nas zonas industriais da Formiga e Manuel da Mota.
Em reunião realizada no passado dia 31 de Outubro com o executivo camarário, a concelhia do CDS-PP, teve oportunidade de entregar um caderno com diversas medidas estruturantes que permitirão melhorar a gestão dos recursos hídricos no nosso concelho, garantindo dessa forma que no futuro teremos água com qualidade e nas quantidades necessárias para todas as atividades existentes.

Nas 20 medidas incluídas neste caderno estavam incluídas algumas medidas básicas para a garantia da qualidade da água dos nossos rios como sejam:
– cadastrar as linhas de água do concelho
– cadastrar os efluentes não tratados
– conceção e aplicação do PERLA (plano estratégico de reabilitação de linhas de água)
– elaborar um plano de regularização do caudal do rio Arunca
– definir um procedimento de monitorização da qualidade da água dos cursos identificados, com especial incidência nas zonas urbanas, definindo a periodicidade e local das recolhas, assim como os parâmetros a analisar.

No passado dia 3 de Dezembro o Município de Pombal organizou as primeiras jornadas do Arunca, em estreita colaboração com “os Amigos do Arunca”, evento no qual estive presente.
Perante uma plateia muito interessada e diversificada foi possível ouvir diversos especialistas que transmitiram conhecimento e forneceram esperança na obtenção de um rio saudável.

Estamos a começar o mês de Maio e sabemos que os políticos não têm o poder de criar precipitação, mas também sabemos que os nossos dirigentes autárquicos têm o poder de utilizar o conhecimento técnico e científico para evitar que as situações de stress hídrico do rio Arunca ocorridas no passado se repitam ou pelo menos têm as ferramentas para minimizar os efeitos da seca na bacia hidrográfica do nosso principal rio.
Com temperaturas altas e pluviosidades reduzidas que medidas foram tomadas para diminuir os consumos de água?
Não deveria estar já em curso uma campanha pela poupança de água por parte de todos os cidadãos?
Das medidas por nós sugeridas e que são tecnicamente justificadas e urgentes quais já foram colocadas em prática?

Não faltam muitos dias para chegarem as festas do Bodo e as comportas existentes no Rio para a criação de um espelho de água serão as mesmas que existem há anos e o curso do rio na zona da cidade estará exatamente na mesma.
Menor dos males parece que este ano se aprendeu com o passado e não se irá passar uma retro escavadora no leito do rio ajudando à sua morte.
Muito se fala em transição verde, há fundos comunitários para a criação de parques verdes e para projetos absurdos de parques fotovoltaicos que ocupam zonas florestais ou terras férteis, será que no meio de tanto plano e projeto não existe oportunidade para fazer o básico e tratar dos nosso recursos hídricos?

O trabalho de fiscalização que realizei este fim de semana e que deu origem a uma queixa por deposição de resíduos junto ao leito do rio, incluindo telhas de amianto, não deveria ser feito por “guarda-rios”?
Para terminar só mais um desabafo, esta situação em particular que denunciei às autoridades competentes é do seu conhecimento há mais de um ano e os resíduos estão na mesma localização!

Exige-se menos retórica e mais Ação!

Telmo Lopes
Presidente da CPC do CDS-PP de Pombal