Afinal, o que é a Hipertensão Arterial?

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Antes de falar de hipertensão arterial e para melhor entendermos o conceito, é necessário definir o significado de tensão arterial normal. Sempre que se realiza a medição da pressão arterial são obtidos dois valores: um que traduz a pressão máxima (chamada pressão arterial sistólica) que corresponde à pressão exercida pelo sangue nas artérias durante saída do sangue diretamente do coração para o organismo e outro valor, que regista a pressão mínima (chamada pressão arterial diastólica) que corresponde à fase de repouso. Trata-se pois, da pressão, expressa em valores concretos com que o sangue circula no interior das artérias, variando ao longo das 24 horas do dia, assumindo valores mais elevados nas primeiras horas da manhã e mais baixos durante o período noturno.

Para obtermos medições fidedignas destes valores devem estar garantidas as seguintes condições: 1- assegurar que está num local sossegado com uma mesa em frente para apoiar o braço preferencialmente ao nível do coração; 2- que não está com vontade de ir ao WC e que não acabou de comer uma grande refeição; 3- não deve medir a pressão arterial nos 30 minutos após beber café ou ter fumado; 4- deve despir (se for o caso) o vestuário do braço onde vai colocar a braçadeira, lembrar-se da regra dos 5 minutos, isto é, antes de medir, repousar 5 minutos sentado e com as costas bem apoiadas na cadeira e 5- deve usar uma braçadeira de tamanho adequado, evitar cruzar as pernas ou conversar durante a medição.

Falamos de hipertensão arterial quando os valores da pressão arterial se começam a apresentar a maior parte do tempo elevados, obrigando a um maior esforço por parte do coração para bombear o sangue para o organismo. Segundo a Direção Geral da Saúde, para o seu diagnóstico são necessárias várias medições registando valores para a pressão arterial sistólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica igual ou superior a 90 mmHg.

porque razão os valores da pressão arterial começam a aumentar?

Mas, então porque razão os valores da pressão arterial começam a aumentar? Na verdade, os principais fatores ambientais que parecem alterar a prevalência de hipertensão arterial são a alimentação rica em sal, a idade, o género masculino (as mulheres estão mais protegidas hormonalmente até à menopausa), obesidade ou excesso de peso, consumo de álcool, níveis baixos de atividade física e stress e, por último e também importante, pode existir uma agregação familiar e genética. Quanto mais fatores presentes maior o risco de doença cardiovascular, isto é, de problemas cardíacos e do sistema arterial, como por exemplo, enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Hoje em dia existe uma preocupação crescente com a hipertensão arterial, dado que cada vez mais estão estudados os seus efeitos nefastos no organismo humano. Na verdade, surge de forma silenciosa e insidiosa, podendo manter-se por longos períodos sem manifestações, o que inevitavelmente perpetua e potencia o seu efeito negativo. É sabido que é uma das principais causas de morte em Portugal, uma vez que duplica o risco de outras doenças vasculares e contribui ativamente para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca em 75% casos. A verdade é que a doença cardíaca é a causa mais comum de morte dos doentes hipertensos. Mas não se fica por aqui… A hipertensão arterial é, também, o fator que quando presente é o que mais determina a ocorrência de enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Por último, é pertinente lembrar o risco de doença renal ao longo dos anos e o aparecimento de défice cognitivo ligeiro (nomeadamente alteração da memória não relacionada com o envelhecimento) associados à hipertensão arterial.

É de extrema importância a deteção precoce de hipertensão arterial

É de extrema importância a deteção precoce de hipertensão arterial e estabelecer uma vigilância regular, assim como adotar mudanças no estilo de vida através da implementação de uma dieta variada e equilibrada começando pela diminuição do consumo de sal consumido diariamente (valor ingerido deve ser inferior a 5,8 gramas/dia, aproximadamente uma colher de chá rasa), uma dieta rica em legumes, leguminosas, verduras e frutas e pobre em gorduras, prática regular e continuada de exercício físico, 30 a 60 minutos, quatro a sete dias por semana, controlo e manutenção de peso normal, restrição do consumo excessivo de álcool e ainda cessação do consumo de tabaco. Ainda assim, se se verificar a manutenção dos valores elevados da tensão arterial está recomendado a instituição de fármacos anti-hipertensores com vista a normalização dos valores de pressão arterial para minimizar os malefícios e permitir a melhoria da qualidade de vida e saúde individual.

Maria do Rosário Sargaço Raimundo
Med .Int. Medicina Geral e Familiar da USF Marquês