CARTAS POMBALINAS | Ao Carlos e aos autarcas

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Esta semana tem sido particularmente difícil para todos nós.
Quando me preparo para escrever este artigo de opinião o meu pensamento está completamente centrado no Carlos e na sua família e apetece-me partilhar convosco o que me vai na alma.
Se nunca é fácil perdermos um amigo, torna-se muito mais difícil quando perdemos um companheiro de armas, pois sinto que, neste exército de boa vontade, composto por muitas mulheres e homens que se entregam ao serviço público, sofremos uma baixa de peso.
Enquanto Presidente de Junta da freguesia vizinha, estava sempre empenhado em fazer o trabalho dele e ajudar os outros, porque era um homem de ação, de fazer acontecer, cuja experiência acumulada nos vai fazer tanta falta.
Quem lidou de perto com este grande homem, reconhece-lhe a simplicidade, o trato fácil e empático com que se relacionava com as pessoas e a força que ele nos transmitia.
Tinha outra particularidade: estava sempre lá! Sempre que era preciso, fosse qual fosse a solicitação, dizia sempre presente e isso é uma característica muito importante de quem demonstra solidariedade, lealdade e espírito de compromisso.
Quando, no fim-de-semana, estava a rever alguns momentos passados, recordo-me dos vários Bodos das Castanhas onde estavam sempre quase todos os colegas dele, Presidentes de Junta do nosso concelho. E estavam lá porque o Carlos fazia questão de nos cativar, acarinhar e sentirmo-nos como se fossemos irmãos.
Aliás, quis o destino que a última vez que nos tenhamos encontrado todos tenha sido precisamente o Carlos a promover esse encontro… porque ele era a nossa “cola”, só sabia contribuir para unir, para somar.
Com a humildade e o recato que lhe reconhecíamos, ele era o nosso líder!
Partilho convosco estas palavras e este sentimento – que julgo ser partilhado por muito boa gente – para que o exemplo de vida do nosso amigo Carlos permaneça sempre junto de nós e para que possamos refletir na forma como encaramos o nosso dia e o relacionamento com os outros.
Quanto penso na Licinia, nos filhos e nos netos, vejo uma família que ao longo de tantos anos se viu privada de tempo com o seu marido, pai e avô porque tiveram que o “partilhar” com a comunidade e isso leva-me a outras reflexões… a pensar no trabalho e empenho dos nossos autarcas que prescindem de tempo com as suas famílias e amigos para se dedicarem à causa pública, numa missão tantas vezes tão incompreendida por alguns.
Bem sei que sempre existirão alguns que dirão que os autarcas já sabiam ao que iam, mas façamos o exercício de perspetivar o território e as nossas comunidades sem o voluntarismo e dedicação à causa pública destes homens e mulheres?!
Essa será uma reflexão que ficará para outra oportunidade. Agora é tempo de aproveitar este espaço para, de forma pública, prestar o meu reconhecimento e o meu OBRIGADO ao Carlos Santos pelo legado que nos deixa de amor e entrega à sua… que é a nossa comunidade. Jamais te esqueceremos amigo!
À Licínia, ao Simão e à Joana, quero agradecer todo o apoio e suporte que sempre prestaram ao nosso Carlos e agradecer por todo o tempo que ele partilhou connosco e com a sua comunidade. Garanto-vos que não foi em vão e que o seu exemplo permanecerá!
Aos meus colegas autarcas, que sentem esta dor de forma muito especial, pelo carinho que nutríamos pelo Carlos, cumpre-nos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para continuarmos a valorizar esta missão que abraçámos, mantendo-nos unidos e solidários que julgo ser a melhor forma de honrarmos o percurso de vida do nosso colega e amigo… que viverá para sempre nos nossos corações.
Até sempre grande Carlos!

Um forte abraço amigo,
Pedro Pimpão
pedropimpao@gmail.com

*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 23 de Janeiro

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Pedro Pimpão é natural de Pombal, tem 36 anos, é casado e tem dois filhos. É advogado de profissão e actualmente desempenha as funções de deputado à Assembleia da República, tendo sido eleito pelo círculo eleitoral de Leiria. É Presidente da Assembleia de Freguesia de Pombal, membro da Assembleia Municipal de Pombal e membro da Assembleia Intermunicipal da Região de Leiria. É licenciado em Direito pela Universidade Coimbra, contando com Pós-Graduações em Direito Administrativo, Gestão Autárquica, Direito dos Contratos Públicos e Direito Municipal Comparado Lusófono. É Mestrando em Ciência Política pelo ISCSP – Universidade de Lisboa.