Pombal não é para velhos. É o concelho mais envelhecido da região de Leiria, com um valor superior à média do Centro e do país. Segundo a PORDATA, em 2024, 29,5% da população tinha mais de 65 anos, o que significa cerca de 15.500 pessoas.
O que se fez desde 2021 e o que se pode esperar agora?
Em 2021, o executivo encomendou o plano POMBAL+IGUAL-2022-2025, que desapareceu depois da única avaliação em 2023. Para a população idosa, apenas previa literacia digital para 20 participantes e sessões sobre violência.
Em 2021, o executivo encomendou o plano POMBAL+IGUAL-2022-2025, que desapareceu depois da única avaliação em 2023
Entretanto, surge em julho de 2024 o Plano de Desenvolvimento Social 2024-2028, para resolver problemas identificados no Diagnóstico Social do Município, entre eles a escassez de respostas para o envelhecimento. O documento refere uma “Estratégia Municipal para o Envelhecimento Ativo, Saudável e Feliz” inexistente, já que esta só viria a ser aprovada em setembro, para iniciar em 2025. Embora tenha sido anunciada com o habitual espalhafato, não se lhe conhecem ações planeadas, com a exceção da criação de “Espaços Sénior”, remetidos para as freguesias, e de que também não há notícia, além daquela, na imprensa local, em que o presidente anuncia com pompa um investimento de dezenas de milhares de euros.
Entre a lista de ações desta Estratégia, encontra-se o “Observatório Municipal Idade Maior”. Corresponderá ao “CLDS 5G – Idade MAIOR”, que se apresenta no Facebook como “um instrumento de promoção da inclusão social, combate à pobreza e promoção da coesão territorial.”, tutelado pela ADILPOM. Seria de esperar, pelo seu relevo, que fosse mais do que uma página de Facebook, a divulgar pouco mais do que oficinas criativas e de estimulação cognitiva, realizadas nalgumas freguesias no escasso último meio ano (em véspera de eleições), ou de uma ação em Pombal no Dia da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa, à saída das igrejas, depois da missa. Missa de que tantas pessoas idosas no concelho se veem privadas, por, à falta de meios próprios, não terem quem a leve.
Não se trata de retirar a relevância destas atividades para as pessoas que delas usufruem, mas há perguntas que importa fazer. Como é que se concretiza com seriedade uma estratégia, com benefício efetivo para a comunidade sénior, realizando atividades isoladas? Como são as vidas destas pessoas fora destes eventos? E as pessoas que não puderam ir, como são as sua vidas?
Como é que se concretiza com seriedade uma estratégia, com benefício efetivo para a comunidade sénior, realizando atividades isoladas?
O retrato do concelho é de abandono. Com uma deficiente rede de transporte, tudo o que ocorre na cidade desconsidera quem vive fora. Desde atividades dirigidas ao público sénior (como as que a ANGES* oferece), às festas e eventos culturais.
Neste e noutros âmbitos, as juntas poderiam ter uma ação de relevo, adotando práticas de aproximação entre as freguesias e a cidade. As coletividades locais também podem ser chamadas, assumindo um papel (que já tiveram, por exemplo, na organização dos ATL locais), para garantir portas abertas e atividades dignas para a população idosa.
O retrato do concelho é de abandono
A exemplo de outros municípios, porque não temos em Pombal o botão de pânico? Ou o acompanhamento das medicações, para evitar a interrupção de tratamentos, por falta de transporte para ir à farmácia, por exemplo? Ou um serviço farmacêutico de organização de doses diárias de medicação? Ou um apoio multidisciplinar a quem presta cuidados informais? Ou a promoção séria de voluntariado que há pessoas a querer fazer?
Com certeza que o município saberá captar os necessários financiamentos, para que a estratégia se faça ação.
* A ANGES é uma organização sem fins lucrativos que promove atividades que fomentem o envelhecimento ativo, saudável e bem-sucedido.










































