A água tem diversas funções no nosso corpo, como: regular os processos metabólicos corporais, ajudar a manter a temperatura corporal, transportar nutrientes, medicamentos e os produtos resultantes do trabalho celular para o exterior do corpo. E com o passar da idade, acima dos 65 anos, a percentagem de água corporal vai diminuindo.
Uma desidratação (perda de água corporal total >2% da 2 água) é suficiente para iniciar a redução da capacidade de desempenho físico, mental e psicológico, podendo afetar a concentração, o humor, a atenção, o raciocínio, a capacidade de memória e a aptidão física.
O processo de envelhecimento está associado a alterações fisiológicas, como a diminuição da percepção de sede, perda de massa muscular, alterações da função renal, e ainda, o aumento das perdas de fluídos por infecção, ou uso de diuréticos, havendo outros fatores. Tudo isto faz com que a quantidade de água seja menor no organismo e haja risco de desidratação.
Uma desidratação é suficiente para iniciar a redução da capacidade de desempenho físico, mental e psicológico
Além disso, os idosos podem encontrar dificuldades em obter acesso a bebidas devido à diminuição da mobilidade, mais dependentes, problemas visuais, distúrbios da deglutição, alterações cognitivas e uso de sedativos. O medo da incontinência pode também levar alguns idosos a limitar sua ingestão de líquidos, sendo também um fator de risco para a desidratação.
O medo da incontinência pode também levar alguns idosos a limitar sua ingestão de líquidos, sendo também um fator de risco para a desidratação
Por outro lado, o facto de ser uma pessoa acamada ou/e uma pessoa em cadeira de rodas, bem como o seu grau de orientação e de consciência ser mais débil, aumentam o risco de desidratação. Caso seja uma pessoa com sonda nasogástrica o seu risco de desidratação aumenta.
De acordo com um artigo de revisão da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em Portugal, a desidratação é o distúrbio hidroeletrolítico mais comum nos idosos e uma das causas mais frequentes de internamento, entre os 65 e os 75 anos. A desidratação aumenta o risco de infecção respiratória (primeira causa de morte em Portugal nos idosos), devido ao facto deste distúrbio hidroeletrolítico diminuir as defesas do sistema imunológico. Por outro lado, a desidratação em idosos, atualmente está entre as três primeiras causas de ida à urgência, com impacto significativo na morbilidade, complicações de saúde mais agravadas e prolongadas, bem como os gastos ao nível económico na unidade hospitalar serem maiores, podendo isto ser prevenido.
Num estudo realizado em idosos em Portugal, mais de um terço da amostra, estavam desidratados, apresentando os homens uma proporção mais elevada de desidratação (47,1%), em comparação com as mulheres (30,5%) .
Um idoso mesmo desidratado, não sente sede
A hidratação é outro dos pontos chave para se ter uma boa saúde, sendo fundamental tanto em papéis fisiológicos e cognitivos como em manter a função cerebral normal.
Alguns sinais de desidratação são: dor de cabeça, hipotensão, aumento da frequência cardíaca, irritação, falta de sentido de orientação, de memória, cansaço, urina concentrada e cheiro forte. Um idoso mesmo desidratado, não sente sede.
E dado que estamos cada vez mais com um índice de envelhecimento mais elevado (de acordo com a pordata, valor de 2023, foi de 188,1 idosos por 100 jovens), o 2º da Europa em 27 países, e com temperaturas elevadas, em diferentes alturas do ano, é importante saber prevenir, sobretudo quem cuida de pessoas idosas, sendo por isso, relevante informar para capacitar as pessoas com melhor literacia de saúde.
Como podemos prevenir?
Oferecer ao longo do dia, várias vezes líquidos que os idosos ou idosas gostem, como por exemplo, sopas, gelatinas, sumos, chá, água, água aromatizada (com gelo, hortelã e sumo de limão ou laranja, ou refresco de cevada, sem açúcar) e prato com mais líquidos, como caldeiradas ou ensopados ou oferecer alimentos com maior teor de água, como melancia, melão, alface, pera. As recomendações de ingestão de líquidos (água ou chá), por exemplo, são de 6 copos diários, em condições normais do ponto vista clínico.
Criar uma rotina de hidratação, é uma das melhores estratégias, testada em muitos países europeus com eficácia. Referir também a importância de utilizarem roupa mais fresca nesta altura, e evitar o calor.
A prevenção, a melhor solução! Um copo de água, pode fazer a diferença.
Elaborado por:
António Cordeiro
Nutricionista
CP:0728N
anto_cordeiro@sapo.pt