HIC ET NUNC | O Abandono

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Património é o conjunto de bens de natureza material ou imaterial, de reconhecido interesse cultural, histórico ou ambiental, que nos representa enquanto povo, região ou comunidade.
Património é também o conjunto de bens e obrigações que cada um de nós possui. Quando abandonamos o nosso património particular ou empresarial legitimamente herdado ou por nós construído, desrespeitamos toda a humanidade e os milhões de pessoas neste mundo que infelizmente não têm um património para gerir. É obrigatório que o estado e principalmente os municípios actuem de forma mais clara e decisiva, castigando quem desrespeita o seu legado e criando condições para a sua conservação, beneficiando e protegendo quem o preserva.
Relativamente ao património público, a responsabilidade de preservar e de cuidar é de todos. Se não estragarmos, ajudando dessa forma a aumentar a sua durabilidade, já é um bom contributo. Mas podemos fazer mais do que isso, podemos denunciar sempre que o nosso património não é devidamente mantido alertando as autoridades para tal, exigindo mais e melhor manutenção. Infelizmente no nosso concelho temos vários exemplos, com maior ou menor gravidade, de património mal preservado ou mesmo abandonado. Todo e qualquer bem público deve ter a sua manutenção devidamente prevista e organizada.
A 7 de Maio de 1985 faleceu em Coimbra um dos Pombalenses mais notáveis do século XX, Professor catedrático em Coimbra, fez carreira política no PPD/PSD tendo chegado a presidente do partido. Além disso desempenhou entre outros, o cargo de Primeiro-ministro e de vice primeiro-ministro, numa época muito conturbada e imatura da nossa democracia. Infelizmente, um episódio de doença súbita impediu Carlos Alberto da Mota Pinto de continuar a dar o seu contributo ao seu País.
Decorria o ano de 2011 quando o executivo camarário Pombalense liderado pelo Engº Narciso Mota decidiu adquirir por 130.000€ a casa onde nasceu e viveu este nosso concidadão. Chegou a ser apresentado, na presença do Presidente da Assembleia da República em 2010, Jaime Gama, o projecto de construção de um centro de estudos com núcleo museológico. Um espaço multidisciplinar, com exposições, colóquios, produção áudio visual entre outras áreas, em estreita colaboração com a comunidade escolar incluindo a Universidade de Coimbra.


No documento das grandes opções do plano deste executivo, estão previstos investimentos de cem mil e duzentos mil euros em 2024 e 2025 respectivamente, verbas que devem apenas destinar-se a estudos e à elaboração de projectos de pormenor.
Passados 11 anos da aquisição do espaço, património de todos, é imperativo a tomada de uma decisão.
Se o projecto faz sentido, deve ser executado com a rapidez possível, caso contrário é considerado dispensável e procede-se à alienação do imóvel tentando-se minorar o prejuízo colectivo.
Ignorar os problemas não os resolve e adiar decisões apenas as torna mais difíceis e onerosas.

Telmo Lopes
Filiado CDS-PP
#queremosresponderaospombalenses