EXAME FINAL | De 0 a 20… (Balanço do ano 2019)

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Nota 7 – Nova Assembleia da República: Em 2019 decorreram duas importantes eleições, as eleições europeias e as eleições legislativas. Do resultado nacional das eleições europeias pouco há a dizer, simplesmente há a destacar o mau resultado percentual do PSD. Já ao nível das eleições legislativas há a destacar o facto de novos partidos terem entrado na Assembleia da República: o Livre, o Chega e a Iniciativa Liberal. O crescimento do PAN não é novidade, aliás acho que ficaram aquém das expetativas e que, de ora em diante, vai ser sempre a subtrair. Saúdo a entrada em cena destes novos partidos, porquanto na minha perspetiva todos os partidos são legítimos e bem-vindos desde que representem o pensamento, o posicionamento e a perspetiva sociopolítica de um setor da sociedade. O país quis continuar a ser governado pela esquerda parlamentar, não por convicção, porque se assim fosse teriam dado maioria absoluta ao PS, mas por falta de comparência do adversário, o PSD. Toda a gente (até os eleitores do PS) tem a perfeita noção de que a fase que o país atravessa é de profunda ilusão. Tudo é efémero, tudo é a prazo, tudo é artificial. A suposta melhoria da qualidade de vida que os portugueses hoje sentem ou é resultado das medidas tomadas pelo governo PSD/CDS, que governou de 2011 a 2015 (relançamento da economia), ou é resultado da agenda política do PS, com a suposta devolução de rendimentos (funcionários públicos e pensionistas), sacrificando o investimento nos serviços públicos: saúde, educação, transportes, entre outros. A nova composição da Assembleia da República retrata a descrença dos portugueses, que preferiram: votar em novos partidos; manter a ilusão vigente votando maioritariamente no PS; não confiar no principal partido da oposição, o PSD, não por ausência de motivos para não votar à esquerda, mas sobretudo pela ausência de motivos em votar no PSD e em Rui Rio, que não se afirmaram como uma verdadeira alternativa.

Nota 8 – União Europeia: Mais um ano passa, mais umas eleições europeias acontecem, e a União Europeia continua a atravessar um longo e infindável impasse. São as divisões em Espanha, é o Brexit, é a pouca, ou nenhuma, esperança que o projeto europeu transmite ao seu povo. Eu sou um europeísta convicto que, no contexto global, acho que todos as países da Europa só têm a ganhar em entrar num projeto que lhes dá escala, que lhes dá voz e potencia o continente europeu no globo, competindo com regiões que são extraordinariamente maiores em termos de território e população. Mas a União Europeia ainda não percebeu isso, nem tampouco conseguiu transmitir esperança e alento ao seu povo, pelo contrário, continua entretida com os problemas internos. Situação que se torna inevitável, a partir do momento em que, das duas uma, não existe um objetivo claro, alcançável e desejado para a União Europeia, nem existe um perigo externo (assumido). Este impasse não é indissociável do facto de não se identificarem líderes no continente europeu, circunstancialismo que não vai melhorar com a saída de cena de Angela Merkel. Olhando para a Europa e para os atuais e anteriores líderes dos países, tenho pena que Passos Coelho não tenha entrado na roleta europeia, porque pelas suas caraterísticas tinha tudo para ajudar a escrever a história da União Europeia.

Nota 12 – Consciência coletiva: Confesso que tenho alguma dificuldade em encontrar algo de bom que tenha acontecido em 2019, mas não posso deixar de destacar a consciencialização mundial para as questões ambientais e climáticas. Odeio exageros e fundamentalismos em torno desta questão, mas realço a preocupação do mundo em torno de uma causa, neste caso, o ambiente.

João Antunes dos Santos, Advogado, Deputado Municipal PSD e Presidente JSD Distrital Leiria
joao@antunesdossantos.pt