HIC ET NUNC | O Acusado

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Faleceu esta semana aos 65 anos de idade o cidadão Português Miguel Macedo.
Advogado de profissão, deputado pelo PPD-PSD em diversas legislaturas, abandonou a vida política em 2014 quando era Ministro da Administração Interna depois de ter sido acusado da prática de três crimes de prevaricação e um de tráfico de influências no âmbito da atribuição dos vistos Gold, tendo sido ilibado de todas as acusações, pelos tribunais, em Janeiro de 2019.
Este foi um homem que ficou marcado e angustiado pela perseguição e injustiça que lhe foram cometidas, a quem todos reconhecem, incluindo os adversários políticos, nobreza de carácter e de princípios.
Também esta semana foi dissolvida a Assembleia da República e marcadas eleições legislativas antecipadas, na sequência de eventuais ilegalidades ou atitudes menos éticas cometidas pelo Primeiro-ministro Luís Montenegro.
Faço votos que nada de ilegal ou eticamente reprovável se venha a descobrir e a provar, no entanto o dano para o nosso Pais, o sistema político, o cidadão Luís Montenegro e para a sua Família, está feito.
Existe no nosso Pais um partido legalmente constituído que já espalha pelas nossas ruas cartazes onde José Sócrates, formalmente acusado por diversos crimes e que arruinou o Pais com a sua estratégia suicida, é comparado ao actual PM, com a insinuação de corrupção à mistura.
A democracia representativa é sem dúvida uma conquista formidável da humanidade, a liberdade de pensamento, de expressão e de informação são valores dos quais não devemos abdicar.
A todos os que lerem esta reflexão tenho um pedido muito simples:
– antes de acusarmos alguém, divulgarmos uma noticia ou partilharmos um simples “post” numa qualquer rede social, é bom que pensemos no que estamos a fazer e na veracidade ou proveniência dessa informação.
Aos jornalistas que lutam pela sobrevivência do seu órgão de informação e pela manutenção do seu, muitas vezes precário, posto de trabalho, não facilitem, confirmem sempre a fonte, façam o contraditório e só disparem na certa.
Em relação aos magistrados do ministério público e outras forças judiciais era excelente que a sua vontade de mostrar trabalho não fosse sinónimo de investigação deficiente e atabalhoada.
Os efeitos de uma acusação injusta, da insinuação, da calúnia, das notícias falsas ou dos enganos em entrevistas dadas na TV em horário nobre, não se apagam com a absolvição nos tribunais ou com pedidos de desculpa. Para bem do futuro da nossa sociedade, é fundamental que todos nós passemos a ter um pouco mais de responsabilidade quando exercemos a nossa liberdade de expressão, seja na nossa profissão, na actividade política ou simplesmente enquanto cidadão.


Telmo Lopes
Presidente da concelhia de Pombal do CDS-PP