Vamos criar uma horta? Assim se chama o projecto iniciado em 2016, pela Equipa de Nutrição da Unidade de Projectos Educativos e Gestão Escolar do Município de Pombal, que tem vindo a evoluir, quer no número de alunos que engloba, quer na sua própria dinâmica. Se no arranque, no ano lectivo 2016/2017, chegava a 700 crianças, neste ano já duplicou esse número. O projecto chega agora a 1454 crianças, oriundas de 91 turmas que abrangem os três agrupamentos de escolas, ao nível do ensino pré-escolar e do 1º ciclo.
Juliana Silva, Andreia Esteves e Daniela Duarte formam a equipa de Nutrição, responsável pela implementação do projecto. Os principais objectivos que apontam são o de apoiar a criação de hortas em meio escolar, promover uma alimentação mais saudável e sustentável, estimular o contacto com a natureza, promover o consumo de produtos locais e sazonais e envolver a comunidade escolar na criação da horta. E tem sido assim que, ao longo destes anos, as hortas têm vindo a aparecer em estabelecimentos de ensino por todo o concelho. “Se as escolas tiverem terreno onde seja possível trabalhar a horta, óptimo. Caso não tenham, tentamos colocar umas caixas com terra”, dizem. Há também escolas em que a opção passa por uma horta vertical. No geral, as hortas são depois tratadas pelas crianças, auxiliares, educadoras ou até pelos pais das crianças. A ideia é que o que é produzido nesses espaços seja usado nos lanches nas escolas. Em Janeiro, as escolas recebem dois tipos de sementes e duas plantas para plantar nas respectivas hortas. A equipa responsável decide o que oferece em cada ano, mas fica ao critério de cada educador ou professor acrescentar o que faz mais sentido.
Mas o projecto não se limita à criação das hortas. No início do ano lectivo, é divulgado e as turmas inscrevem-se. A equipa visita depois as escolas aderentes, deixando algum material de apoio, que é também ele produzido pela equipa do município. Depois, de dois em dois meses, entregamos mais materiais aos professores para que eles desenvolvam as actividades. Em cada entrega há também um vídeo explicativo para os educadores e professores. A equipa realça mesmo a importância do envolvimento dos professores e educadores, porque são eles que acabam por implementar o projecto. O crescimento do “Vamos criar uma horta?” torna impossível que a equipa de três elementos consiga realizar as actividades pretendidas em todas as turmas, pelo que o apoio dos docentes é fundamental.
Cada ano de ensino tem especificidades diferentes. No pré-escolar, o projecto é mais à base da exploração e da descoberta de um alimento de dois em dois meses, com base num tapete de actividades. As crianças descobrem o crescimento do alimento na horta, os super-poderes do alimento (que se traduz nos benefícios para a saúde provocados pela sua ingestão) e recebem uma receita que podem fazer com o alimento. Já no 1º e 2º anos, as actividades são iguais, só mudam os alimentos. Os temas explorados são muito semelhantes aos do pré-escolar, mas com mais profundidade. Nos últimos anos lectivos foi introduzida a exploração do calendário da sazonalidade. Os alunos do 3º ano têm um outro desafio: um concurso culinário. Previsto para Maio, põe à prova os dotes culinários das crianças, que têm de preparar uma receita usando ingredientes que tenham na sua horta. No 4º ano existe um livro de actividades, que é dado a cada criança, que se divide em quatro temas: ervas aromáticas, leguminosas, hortícolas e sustentabilidade alimentar. Este ano, as turmas do 4º ano são também desafiadas a compor um hino da horta, sendo eleito o melhor hino, e participam numa visita de estudo a uma quinta pedagógica.
A equipa de Nutrição realiza, no final do ano, uma avaliação de satisfação, com os docentes e crianças, e tem em conta esse feedback para ir melhorando e modificando o projecto. Mas tem consciência que falta fazer uma avaliação do impacto que ele tem nas crianças. Contudo, acreditam que estas vão ficando sensibilizadas para uma alimentação mais saudável.
2016
O projecto foi implementado 2016
1454
O projecto abrange actualmente 1454 crianças
91
As crianças envolvidas no projecto pertencem a 91 turmas
*Notícia publicada na edição impressa de 20 de Fevereiro
