Redondos ou em forma de ferradura, os típicos bolos da Páscoa percorrem gerações e continuam a ser uma (doce) iguaria a que poucos resistem nesta época. Em casa de Lurdes Gaspar, na Ranha de Baixo, o sabor da tradição tem encontro marcado várias vezes no ano, mas nesta altura os pedidos da família, amigos e conhecidos chegam em catadupa. Não há quem resista aos bolos-ferradura e, no passado dia 4, fomos saber porquê. É caso para dizer: provado e aprovado!
Eram 09h00 quando batemos à porta de Lurdes Gaspar. De sorriso fácil e trato contagiante, recebeu-nos já de mangas arregaçadas, com a energia de quem está pronto para pôr as mãos na massa. No amplo anexo da casa que reservou para poder cozinhar sem constrangimentos, Lurdes Gaspar tem tudo preparado para dar início à confecção dos bolos. O saber-fazer veio dos ensinamentos da mãe e foi com ela que aprendeu a técnica para que o bolo se mantenha fofo por vários dias. É também nos alguidares de barro herdados que ainda prepara a massa. Ali, nunca foram usados detergentes. O segredo é lavar apenas com água quente, para que não haja contaminação de qualquer resíduo.
Lurdes Gaspar, de 68 anos, não faz dos bolos a ocupação principal, mas a fama é de tal ordem que os pedidos chegam o ano inteiro, incluindo da associação local, onde nunca faltam as ferraduras da “Lila” nos eventos, como é conhecida por muitos. “Faço só para as pessoas ficarem felizes”, conta. “Em minha casa dá-se muito, mas recebe-se muito”, afirma, de sorriso embevecido. “Sou uma mulher muito feliz”, como faz questão de dizer ao longo da conversa. Lurdes Gaspar vive rodeada de afecto não só na família, mas de todos os que fazem parte do seu quotidiano.
A encomenda desta sexta-feira chegou de alguém próximo que quer presentear a família na Páscoa. Os seis quilos de farinha hão-de dar para 14 bolos. E os ingredientes são poucos e simples, tal como pedem as melhores receitas: farinha, fermento de padeiro, açúcar amarelo, canela, sal, água e azeite (de produção própria) para moldar a massa e dar brilho aos bolos, no final.


[Notícia completa na edição impressa de 10 de Abril]
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