Talentos pombalenses querem revolucionar a contratação de músicos em Portugal

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Daniela Massano está ligada à música e Rafael Mendes à Informática. Apesar de trabalharem em áreas muito diferentes, uniu-os a vontade de darem um novo impulso à vida profissional. Juntaram os talentos de cada um e decidiram criar aquela que será a primeira plataforma vocacionada para simplificar o processo de contratação de músicos em Portugal.

Rafael e Daniela fotografados no Espaço Cowork de Pombal

Foi ainda com o sabor a conquista que Daniela Massano e Rafael Mendes falaram sobre a KORDIA ao Pombal Jornal. Tinham passado poucos dias desde que à dupla de jovens pombalenses fora atribuída a melhor pontuação na fase final do concurso de empreendedorismo “StartUp Pombal”, realizada a 17 de Dezembro, na Casa Varela.
Já o projecto tinha pernas para andar quando Daniela e Rafael Mendes decidiram submeter a ideia ao concurso. O anúncio da abertura de candidaturas surgiu como a janela de oportunidades que faltava, não só pela vertente financeira mas também pela possibilidade de adquirir know-how em matérias importantes. “Decidimos avançar para ver o que dava”, conta Daniela Massano, pombalense de gema há 31 anos e conhecida pela ligação a inúmeros projectos na área musical. Em boa hora o fizeram.
Absorveram todos os ensinamentos transmitidos pelos mentores dos workshops, mas não ficaram por aí. Fora das sessões, continuaram a trabalhar horas a fio para aplicar a teoria à prática e ainda bateram à porta de amigos e conhecidos para tirar dúvidas e pedir conselhos. “Aprendemos muito no último mês da candidatura”, conta Daniela. “Depois dos workshops, passávamos fins-de-semana nisto. Cada módulo que nos apresentavam, nós íamos para casa e tentávamos aplicar, no nosso projecto, o que aprendíamos”, acrescenta a clarinetista e professora de música. Palavras reforçadas pelas de Rafael, formado em engenharia informática. “A nota que tivemos [na fase final] terá sido, também, devido ao nosso esforço”, constata.
A prova final foi superada a 17 de Dezembro, dia do pitch (apresentação oral do projecto), onde se sagraram vencedores, depois de terem obtido uma pontuação do júri próxima do valor máximo. Para este reconhecimento, valeram-lhes as muitas horas diárias de preparação, para que nada falhasse. “Sentimos que aprendemos muito e por isso temos que agradecer à Câmara a excelente iniciativa deste projecto”, faz questão de frisar Daniela. Por outro lado, acrescenta Rafael, “já que ganhámos o prémio, esperamos mostrar a confiança que a Câmara depositou em nós”.

Os vizinhos que se tornaram amigos e sócios
A ligação de Daniela Massano e Rafael Mendes tem todos os ingredientes para uma boa história. Com idades muito próximas (ela tem 31 e ele 30), viveram sempre na mesma rua, na cidade de Pombal, mas curiosamente não se conheciam. Até que em 2024, a 10 de Março, dia de aniversário de Rafael, travaram o primeiro contacto. Daí à amizade foi um curto passo.
Numa das muitas conversas perceberam que tinham pontos em comuns sobre projectos de vida. Daniela tinha regressado há quatro anos da Holanda, onde estudou e trabalhou. Aqui encontrou inúmeras queixas dos colegas músicos, sobre o mercado musical e artístico em Portugal, que se espelhavam naquilo que ela própria sentia na pele. “Cheguei a um ponto em que disse que era preciso mudar alguma coisa”.
Rafael, que trabalha como engenheiro informático na Altice Labs, em Aveiro, encontrava nas lamentações de Daniela parte do que também sentia. “Na altura em que conheci a Daniela também já queria criar um negócio ou avançar com uma ideia minha, para um dia, quem sabe, reformar-me mais cedo [risos]”.
É então, por entre desabafos, que Daniela sugere ao amigo avançar com uma plataforma digital para músicos, aproveitando as competências de ambos. Despois de muito pesquisarem sobre o que já existia no mercado, perceberam rapidamente que todas as soluções, a este nível, eram demasiado generalistas e não davam resposta aos problemas sentidos por quem trabalha nesta área. Era preciso mudar este cenário e desenhar uma plataforma que simplificasse e profissionalizasse o processo de contratação de músicos em Portugal.
Atendendo à formação académica de Rafael, assumiram que seria ele a desenvolver o software para o projecto, mas ao fim de poucos meses percebem que a dimensão que lhe queriam dar não era compatível com o tempo disponível do jovem engenheiro informático.
Em Setembro contrataram então uma empresa de desenvolvimento de software e a ideia ganha novo impulso. À dupla junta-se também, por esta altura, Marco Ferreira, designer, e desde então um apoio fundamental.

KORDIA: o que traz de diferenciador
Graças ao estudo de mercado que também realizaram, Daniela e Rafael têm, até à data, um feedback de 250 músicos e de cerca de uma centena de contratantes. É com base nessas conclusões que esperam que a KORDIA venha a ser uma mais-valia para quem a procura.
“Queremos que seja um processo simples, rápido e seguro”, refere Daniela, ao que Rafael acrescenta: “vais poder ver o que há perto de ti, porque te permite fazer a pesquisa por localidades” mas também “por categoria e género musical” e, até, encontrar projectos para datas temáticas, por exemplo.
Além disso, “uma empresa contratante, que esteja registada na KORDIA, pode gerir todos os seus eventos através da plataforma”, explica o engenheiro informático.
A KORDIA dá ainda possibilidade aos músicos de promoverem o seu trabalho “livremente”, o que representa, no entender da dupla de empreendedores, uma mais-valia, sobretudo para quem está em início de carreira.
Ainda não há data marcada para a apresentação oficial, mas a dupla de sócios espera que isso aconteça até ao final deste semestre, altura em que serão divulgados ainda mais pormenores. Até lá, Daniela e Rafael vão continuar a trabalhar no lançamento da KORDIA, dispostos a mudar a vida dos músicos em Portugal. “Queremos ser a plataforma em que quando alguém quiser contratar um músico, as pessoas digam logo ‘KORDIA’”, sintetiza Rafael.


  • A KORDIA conecta músicos e contratantes, promovendo segurança, eficiência e transparência. Além de dinamizar o sector musical, actua como um catalisador para a valorização do talento artístico, criando um ecossistema inclusivo e sustentável. O objectivo é também criar “impacto territorial” em Pombal.

  • A plataforma espera abrir portas, no futuro, a outras áreas artísticas, como o teatro ou a dança, por exemplo. Daí a escolha do nome: uma mistura de acorde com melodia.

  • O projecto inclui a KORDIA ACADEMY, uma funcionalidade que permitirá, por exemplo, vender aulas online ou contratar professores de música.
  • Estão previstas políticas de cancelamento que salvaguardam as duas partes.
  • Na plataforma, os utilizadores vão encontrar ainda serviços complementares à área da música: técnicos de som, montagem de palcos, efeitos especiais ou luzes, por exemplo.

*Notícia publicada na edição impressa de 23 de Janeiro