Do fim do mundo

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Foi esta a imagem que Jorge Mário Bergoglio, utilizou para dizer de onde vinha, quando foi eleito Papa, perante os milhares de fiéis reunidos na Praça de S. Pedro e delirantes com o fumo branco saído da chaminé da Capela Sistina. Foi há um ano, feito na passada semana, que o Cardeal de Buenos Aires, – entretanto Papa Francisco – ocupou a cadeira de S. Pedro e assumiu os destinos da Igreja Católica. Daí para cá o Papa Francisco tornou-se numa figura incontornável para Católicos e não Católicos, Crentes e não Crentes, em todo o mundo. Como sempre acontece, quando alguém chega á “cena” mediática, existe a curiosidade natural em torno dessa figura, procuram-se detalhes da sua vida privada e pública e eleva-se a personalidade a ídolo pop, nos tais cem dias de “estado de graça”, aos quais se segue por norma o esquecimento, o desinteresse mediático, a crítica feroz e cruel pela ausência de medidas concretas ou a desilusão de quem prometeu e não cumpriu. Com Francisco isso não aconteceu neste primeiro ano de Pontificado. As suas atitudes, as suas palavras, os seus “pequenos actos” que os media difundem até á exaustão, são acompanhados de acções e decisões de fundo no governo da Igreja e do Vaticano, onde como se sabe o Cardeal Jorge Mário Bergoglio, não tinha (e provavelmente não tem ainda), especial e sólida “rede de contactos”. Mas ainda assim, Francisco, ele que veio do fim do mundo, onde os Cardeais do Conclave o foram buscar, impôs-se na Curia Romana e é hoje um líder á escala global. Porquê? Como? – São perguntas e reflexões legítimas! Francisco impôs-se como líder, pelo exemplo e pela simplicidade! Francisco é hoje um líder a quem ninguém é indiferente, porque é um dos nossos, independentemente de quem nós sejamos, independentemente da religião que professamos (ou se professamos). Francisco, o antigo Cardeal de Buenos Aires que andava de transportes públicos, que vivia modestamente e cozinhava, adepto de futebol, é o Papa que precisávamos para os nossos tempos, em que a sociedade e o mundo parecem ter esquecido onde reside o verdadeiro poder: Na capacidade de servir! Um Papa como Francisco poderia vir de muito lado, da Europa, do Oriente ou de África, mas “assenta-lhe” e “assenta-nos” muito bem que tenha vindo da Argentina, essa terra sofrida onde as mães na Praça de Maio choram e perguntam pelos seus filhos desaparecidos no período da ditadura; onde a elegância do tango se confunde com a pobreza dos bairros de Buenos Aires, de onde saíram ídolos como Diego Armando. Num tempo em que escasseiam os verdadeiros líderes e os estadistas são uma miragem, Francisco surge no momento certo. Precisamos de líderes assim como de “pão para a boca”: Que lidere pelo exemplo, que seja corajoso, não tenha medo de tomar decisões, que tenha uma mensagem simples e clara, que seja inclusivo e que seja uma verdadeira força inspiradora para todos. Francisco tem sido tudo isto, ás vezes desconcertante, surpreendente e com a tremenda capacidade de sorrir!

NOTA: Na última crónica “ Cooperação TV”, na frase “…o papel da Camara Municipal de Pombal, que se assumiu como catalisador e facilitador da cooperação que agora observa-os na Pombal TV…”, em vez de observa-os deve ler-se observamos.

Jorge Cordeiro

jorgeagcordeiro@gmail.com