Sabanico: um baloiço que quer proporcionar “recordações de uma infância feliz, a voar”

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São intemporais, atravessam gerações e nunca saíram de moda. Podíamos estar a falar de um novo ponto de atracção turística na nossa Serra de Sicó, ou na deslumbrante praia do Osso da Baleia. Falamos do Sabanico, um baloiço projectado para bebés, com foco na segurança, conforto e muita diversão.


São divertidos, amigos do ambiente, fáceis de transportar e muito práticos de usar, os baloiços Sabanico têm selo pombalense e foram criados com o objectivo de proporcionar “recordações de uma infância feliz, a voar”, explica Laura Duarte, a mentora do projecto.
“Fui mãe no auge da pandemia, em Setembro de 2020, e isso acabou por limitar algumas brincadeiras que gostaria de partilhar com o meu filho. Em Março/Abril de 2021, com os parques infantis encerrados, com as restrições e com todos os receios acerca da Covid-19, “sentia que o meu filho não estava a aproveitar tanto a natureza como eu gostaria, por isso resolvemos comprar um baloiço que pudéssemos pendurar no terraço”. A procura prolongou-se e “não encontrei muitas opções interessantes, sendo que na sua maioria envolviam plásticos e materiais pouco amigos do ambiente”. Mais umas pesquisas, algumas leituras e a jovem de 36 anos acabou por encontrar um modelo “muito utilizado nos países nórdicos, simplesmente adorável, e que pode ser utilizado no exterior, preso a uma árvore, por exemplo, ou no interior, com uma pequena argola fixa no tecto, num quarto de criança, numa sala, na garagem ou num sótão”, revela.

Os baloiços são produzidos em Pombal, através de processos artesanais e amigos do ambiente. Na foto, Laura com o filho, Miguel. “Cada ponto é cozido com amor, já a imaginar os sorrisos”, afirma Laura

“Foi amor à primeira vista: imaginei o meu bebé a soltar aquelas gargalhadas deliciosas e decidi que era ‘O tal’”, continua. Mais umas pesquisas, mais umas leituras e “comecei a imaginar padrões e alterações que podia fazer”. Foi num piscar de olhos que “resolvi criar eu própria o baloiço”, conta a sorrir. “Entrei no mundo dos tecidos e fiquei estupefacta com as opções que podia criar, até que…” voltou a piscar os olhos e “não sabia costurar, nunca tinha pegado numa máquina de costura e tão pouco tinha feito fatinhos para bonecas”.
“Falei com a avó São, que tem uma máquina de costura, e pedi-lhe uma ajuda: eu fazia o molde, cortava os tecidos, alinhavava tudo e ela reforçava a peça na máquina”, acordo aceite. “Passei uma tarde inteira a fazer contas, a medir e a cortar. Já nem eu tinha grande certeza do que estava a fazer, mas o processo foi bastante divertido”.

Quando finalmente chegou a parte de finalização, “a avó, com a sua prática, fez parecer bastante fácil. Sim, fez parecer, porque quando resolvi experimentar pela primeira vez a ‘coisa’ não foi assim tão simples”.

“A segurança tem que ser a melhor amiga da diversão”
“Ficou bonito, exactamente como o imaginei”, no entanto era necessário “pensar noutras coisas, como a corda que iria sustentar o baloiço, ou os rolos de madeira que dão a forma à cadeirinha”. Para a empreendedora, “este balancé foi projectado com foco na segurança, conforto e muita diversão”, desta forma, “mesmo sabendo que não é necessária uma corda que suporta mais de 100kg, depois de várias ensaios optei por escolher uma corda de algodão entrelaçado, com um fio muito elegante e uma espessura mais grossa (10milimetros), suave ao toque, muito resistente à abrasão e produzida em Portugal”, reconhece. No que toca aos rolos de madeira, “utilizei várias opções de rolos até encontrar a espessura perfeita para que tenha a robustez obrigatória, sem se tornar demasiado ‘pesado’”. Depois, “foi cortar com a medida que projectei, fazer as furações, lixar e polir, um trabalho bastante aborrecido, mas essencial”.
No dia em que o baloiço foi utilizado pela primeira vez, “foi um dia muito feliz”, afinal, “aquelas gargalhadazinhas que imaginei foram ainda mais estridentes: ele adorou, e eu também” afirma. Depois desta primeira aventura, Laura Duarte resolveu que gostaria de se envolver em todos os processos de confecção da cadeira e por isso “dei uma oportunidade à máquina de costura, ou ela a mim”, brinca. “Gastei muitos metros de linha, parti algumas agulhas, irritei-me várias vezes, fiz e desfiz, mas não desisti: queria ser capaz”, assume. “No espaço de uma semana criei dois baloiços com padrões diferentes, um para pendurar no quintal da avó Lisete e outro que ofereci a uma menina que mesmo não sendo da família, é família”. Os familiares não pouparam elogios à peça e os amigos incentivavam a que criasse um projecto com estas cadeirinhas de balanço. “As minhas amigas mais próximas adoraram o conceito e o meu namorado ficou entusiasmado com o processo”. Mais um piscar de olhos e “surgiu a ideia de criar uma conta de Facebook (/sabanico.pt) e Instagram (@sabanico.pt) onde pudesse ir mostrando as minhas criações”, ainda que “sem grandes expectativas”. O nome seria evidente: “Sabanico, um termo carinhosamente inventado para descrever o meu filho, que além de amoroso é bastante irrequieto”, graceja. O conteúdo atraiu curiosos: “comecei a receber algumas mensagens com pedidos de informação e até solicitações”.

Sabanicos já voam um pouco por todo o país
As primeiras encomendas começaram a chegar e “percebi que era importante ter a minha própria máquina de costura”, desta forma “pensei em comprar, vi modelos, no entanto não queria estar a investir sem ter as noções básicas” e é aí que entra a família. “Lembrei-me que a mãe da minha madrinha tinha uma máquina de costura que já não é usada há alguns anos, pensei em pedir-lha emprestada: afinal a minha tia tem várias máquinas e acabou por me oferecer uma como recordação, e com muito amor”. Outro dia feliz.

Miguel, filho de Laura, num dos baloiços produzidos pela mãe

Penacova, Porto, Angra do Heroísmo. “Não me esqueço destas três primeiras encomendas, porque foram muito especiais, porque senti uma enorme responsabilidade, porque queria dar o meu melhor, na verdade queria perceber o feedback de pessoas fora do meu círculo, que fossem totalmente imparciais e que, como clientes, têm expectativas altas: recebi mensagens bonitas, que guardei, e guardo”. Seguiu-se Coimbra, Braga, Funchal, Loulé, Gondomar, Leiria, Ponta Delgada, Lisboa, entre outras. “A aceitação continuou a ser muito boa, e isso só me dá vontade de continuar: recebo fotografias de crianças felizes e isso faz-me acreditar que estou a fazer alguma coisa boa”.
Numa altura em que “a minha situação laboral está bastante debilitada, este projecto acaba por ser uma lufada de ar fresco”, onde “cada um dos balancés é feito através de processos totalmente artesanais com materiais de alta qualidade e confeccionados com a ajuda da minha Singer ‘vintage’. Cada rolo de madeira passa pela minha mão. Cada ponto é cozido com amor, já a imaginar os sorrisos”.
Este baloiço para bebés “é amigo do ambiente, muito macio e confortável, totalmente personalizável com cores e padrões à escolha, fácil de transportar e precisa de pouco espaço”, explica a mentora do projecto, enquanto revela que a “peça é ideal para crianças a partir dos seis meses, que sejam capazes de sentar-se sozinhas, e usável até aos quatro anos de idade, aproximadamente”.

Os baloiços têm chegado a vários pontos do país

Novidades para os mais crescidos
Segundo a jovem, “é expectável que nas próximas semanas apresente um modelo novo, a pensar em crianças mais crescidas, ou até mesmo para adultos”, divulga, entusiasmada, no entanto “é preciso garantir que cumpre todos os requisitos”, afinal, “para mim, a segurança tem que ser a melhor amiga da diversão”.
Entende-se que este tipo de brincadeiras seja mais associado aos meses quentes, mas “tanto no Verão como no Inverno as crianças são crianças e os baloiços infantis podem ser alguns dos nossos principais aliados”, sem esquecer “os inúmeros benefícios que a sua utilização traz ao desenvolvimento dos mais pequenos”, lembra.
“Quando era criança, o meu pai fez-me um baloiço na árvore do quintal: foi o melhor presente de sempre. Não havia um dia em que não voasse pelo ar, cheia de sonhos e com um sorriso na cara”. Actualmente “sou mãe e quero que o meu filho também tenha muitas recordações de uma infância feliz, a voar”, remata. E como o tempo passa a voar, “fica a sugestão de um excelente presente de Natal (ou de aniversário, ou para a Páscoa): é diferente, é divertido e é uma óptima forma de proporcionar momentos de felicidade em família”.

BENEFÍCIOS DOS BALOIÇOS

– Ajuda no equilíbrio e ensina-lhes a posicionar o corpo no espaço. Um benefício físico do baloiço é a melhoria da consciência corporal, ou seja, a compreensão do seu filho sobre os movimentos que o seu corpo pode e deve fazer.
– Trabalha as habilidades motoras finas (agarrar as cordas) e as habilidades motoras grossas (mover os pés para se elevar) e aperfeiçoa a coordenação (fazer tudo ao mesmo tempo).
– Baloiçar ajuda no alívio do stress e pode ajudar a acalmar crianças hiperactivas ou ansiosas. Assim como passar uma hora numa rede pode acalmar um adulto ansioso, o movimento de ida e volta de balançar pode acalmar uma criança que teve um dia difícil ou foi super-estimulada na escola ou durante outra actividade.
Mais: o acto de balançar ajuda o cérebro a processar a velocidade e o sentido, o que é benéfico para as crianças, sobretudo as que têm problemas de percepção visual. Sem esquecer que é óptimo para ‘aliviar’ os papás durante alguns momentos.