Região prepara medidas de emergência para situações de escassez de água

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A Região de Leiria vai avançar com um Plano Intermunicipal de Gestão de Recursos Hídricos e está a preparar medidas de emergência para situações de escassez de água, anunciou esta terça-feira a Comunidade Intermunicipal.
Numa informação disponibilizada à comunicação social, após uma reunião na qual foi avaliada a situação de seca, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) referiu que vai “adoptar medidas comuns e de articulação entre os 10 municípios” que passam por “definir um Plano Intermunicipal de Gestão de Recursos Hídricos e medidas de emergência em situações de escassez de água”.
Integram a Região de Leiria os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.
No imediato, a CIMRL quer assegurar o reforço de infra-estruturas municipais de retenção de água para uso agro-florestal, a ampliação de soluções de armazenamento, o controlo de perdas reais e aparentes ao longo do processo de captação, adução e distribuição de água, e “medidas de melhoria das condições dos sistemas de recolha, armazenamento, distribuição e reutilização da água”.
No documento, em que reafirmou que “nos últimos meses a seca e a consequente falta de água são um problema que preocupa” estes municípios, a CIMRL adiantou que, complementando medidas já desenvolvidas pelas autarquias, vai também antecipar os trabalhos em curso da Estratégia Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Região de Leiria que, entre outras metas, quer identificar as vulnerabilidades ou impactos nesta área.
Por outro lado, a CIMRL comprometeu-se a desenvolver acções de sensibilização relativas à água e às alterações climáticas, sendo que sobre esta última lançou, naquele dia, a campanha “Juntos vamos virar esta página!”.
Aos jornalistas, o presidente da CIMRL, Gonçalo Lopes, reconheceu que se está perante “uma situação muito preocupante” e que está a ser acompanhada “com mais detalhe” a norte da região, “nomeadamente em Pedrógão Grande, onde a barragem [do Cabril] já apresenta níveis de diminuição extremamente preocupantes” e “com influência naquilo que é a actividade económica destes territórios de baixa densidade”.
Segundo Gonçalo Lopes, também presidente da Câmara de Leiria, tal vai obrigar “a intervenções de diminuição de consumo”, para que “esta escassez de água possa ser ultrapassada o mais rápido possível através de um esforço colectivo”.
Explicando que “cada município já tomou medidas concretas em termos de gestão dos recursos hídricos no que diz respeito às utilizações para sistemas de rega, sistemas de poupança e divulgação junto da população”, Gonçalo Lopes acrescentou que foi decidido “definir um plano intermunicipal de gestão e acompanhamento desta crise da seca e que irá estar incluído em todas” as reuniões “como agenda obrigatória, até que esta problemática possa ser ultrapassada”.
O presidente da CIMRL salientou que nenhum dos concelhos da Região de Leiria “está em risco extremo” e precisou que “qualquer tipo de ‘bypass’ no que diz respeito a um regime solidário de fornecimento de água está a ser salvaguardado”.
“Importa dizer que também estamos próximos de um momento em que num território profundamente florestal as preocupações com o combate a incêndios têm de estar na nossa mira e, portanto, para esse tipo de combate o clima é muito importante e precisamos de salvaguardar também aquilo que são as nossas soluções em termos de Protecção Civil no curto prazo”, disse Gonçalo Lopes.
A semana passada, a CIMRL recomendou a adopção de medidas de poupança da água na agricultura e anunciou que iria implementar medidas de sensibilização junto da população para o uso racional da água.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Janeiro “verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica, com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema”.
Ainda de acordo com o IPMA, em relação à precipitação, janeiro de 2022 foi o 6.º mais seco desde 1931 e o 2.º mais seco desde 2000.
LUSA