Nos terrenos de Gary e Roberto é cultivada a maior parte das favas do festival

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Gary Botelho e Roberto Areia não têm em comum apenas a amizade. Os dois meirinhenses são também os maiores produtores da fava que, nos próximos dias, há-de chegar ao festival.

Gary Botelho (à esq.) com a família na apanha da fava

“Este foi um ano muito bom para a fava”, conta Gary Botelho, no intervalo da apanha da leguminosa, numa tarefa que conta com a ajuda dos pais e da tia, proprietária do terreno. Foi ali que conversámos com o jovem meirinhense, ao final da manhã do dia 26 de Abril, por entre muita azáfama, mas também boa-disposição de quem trabalha por gosto.
Os nove quilos de semente lançados à terra no final de Outubro deram bons frutos e o resultado é visível no tamanho das vagens que Gary e a família orgulhosamente exibem para as fotos. Contas feitas e as favas deverão chegar aos 700kg. “Este foi um ano muito bom para a fava”, atendendo ao inverno chuvoso que se fez sentir. Já o ano passado “foi péssimo”, recorda.

O inverno chuvoso propiciou uma boa colheita

A participar pelo terceiro ano na iniciativa, Gary diz que o desafio lhe foi lançado por Roberto Areia, amigo de infância, que tinha feito a estreia já no ano anterior. Para este hobby, o produtor mobiliza a família e, todos os anos, a sementeira é realizada num terreno diferente, por motivos válidos. Para além de “a fava ser um adubador natural”, esta é também uma forma de “irmos limpando os terrenos”, explica. Além disso, “faz-se algum dinheiro”, se não “contabilizarmos o tempo”.
Para Gary, “não faz sentido comprar favas fora da freguesia” e elogia a postura da autarquia local neste sentido. Com esta dinâmica, contribui-se para “a limpeza dos terrenos”, para “a economia local”, porque “gera negócio” e o produto tem “mais qualidade”, uma vez que “aqui é tudo selecionado”.
Mas ainda que não faltem elogios, Gary deixa também uma sugestão: “organizar pessoal para descascar as favas”.
Apreciador da leguminosa, como os milhares de pessoas que hão-de passar pelo festival, o produtor (proprietário da pastelaria Açoreana) gosta de vários pratos de favas, mas reconhece que o tradicional, com entrecosto e chouriço, continua a ser o seu preferido.

Roberto, outro dos produtores
Roberto Areia não é propriamente um estreante no fornecimento de fava para o festival. Desde a segunda edição que o meirinhense, de 34 anos, faz deste um hobby. O objectivo é “colaborar e ajudar o festival” e, ao mesmo tempo, “rentabilizar um pequeno olival onde passava os meus tempos livres”.

Roberto Areia semeou, este ano, uma área próxima dos 2.000m2

Este ano, a sementeira abrangeu uma área aproximada de 2000m2, o que lhe permitiu produzir “perto de duas toneladas”, destinadas ao evento, mas também para venda “através das redes sociais”.
Neste trabalho, Roberto conta com a ajuda da namorada e da mãe, mas na hora da colheita é preciso “chamar reforços”, conta.
Sobre a importância do festival para a dinâmica social e económica da freguesia, o meirinhense faz questão de destacar esse cariz. “Não havia nada do género na nossa terra, para além das festas religiosas”, pelo que espera “que mantenha o sucesso que tem sido até agora”.