Joaquim Eusébio dá lição de História com “Santo António em Azul e Branco”

0
933

Foi com mais uma bela lição de História que Joaquim Eusébio brindou todos os que se deslocaram ao Café Concerto, no passado dia 22, para assistir ao lançamento do seu livro, “Santo António em Azul e Branco”. O título da obra advém do facto desta incidir sobre o estudo da imagem do santo na azulejaria, nomeadamente na dos séculos XVII e XVIII.
Radicado no Canadá há alguns anos, foi ali que Joaquim Eusébio apresentou a sua tese de doutoramento, em 2016. Foi o interesse que o professor tinha em publicar essa tese em português, que deu origem à publicação da obra. O livro, que não é a tese em concreto, é uma adaptação com as principais conclusões, além de inventariar mais de trezentos painéis de azulejos que foram analisados pelo autor, tanto em Portugal como no Brasil. Algo que Joaquim Eusébio salienta é o facto da arte representar, sobretudo, um Santo António milagreiro, quando apenas lhe é atribuído um milagre em vida. “Identifiquei mais de 90 milagres na pintura europeia, dos quais cerca de 30 estão nos painéis de azulejos analisados”, refere. O professor afirma que “a figura de Santo António é fascinante” mas que, para a compreender melhor, teve que estudar muitas pinturas europeias, algumas das quais viriam a servir de inspiração a artistas para os painéis de azulejos pintados em Portugal e que “viajavam” depois para vários destinos. “Esta circulação da imagem é que acho bastante interessante”, diz Joaquim Eusébio, porque “estas pinturas eram o suporte visual dos pregadores da altura. Uma espécie de power point dos nossos tempos.”
De entre os painéis estudados pelo autor, contam-se alguns no concelho de Pombal. Nomeadamente seis, que estão localizados no coro baixo do Convento do Louriçal, e que representam milagres de Santo António. “São painéis que tentei mostrar até que ponto estavam ligados a uma linha de representação que existe no país e até no Brasil”, afirma. Em jeito de curiosidade, e numa opinião pessoal, Joaquim Eusébio mostrou-se “chocado” com o que considera “uma despromoção” de Santo António quanto ao espaço que ocupa na Igreja do Cardal, em Pombal. Segundo o professor, “sendo a igreja identificada pela Senhora do Cardal ou como um Convento da Província Franciscana de Santo António, entendo que o santo devia ter um maior destaque do que aquele que tem, devendo estar no altar-mor”.

 

Partilhar
Artigo anteriorTalhão da Mata do Urso vai ser reflorestado com 22.500 árvores
Próximo artigoConferência debate futuro de Pombal
Biólogo Marinho de formação e pós graduado em Turismo de Natureza, nunca exerceu profissionalmente em qualquer uma das áreas. Há uns bons anos iniciou-se nas lides radiofónicas e esse bichinho ainda hoje perdura. O gosto que tinha pelo Cinema, desde tenra idade, foi apurado nos tempos universitários e, por estes tempos, não passa um dia sem ver, no mínimo, um filme. Não perguntem qual o seu preferido pois o gosto pode variar consoante a hora. Balança de signo, mas Leão de coração, gosta de viajar e ambiciona conhecer os quatro cantos do mundo. Mas quem não sonha com o mesmo?