Investimento de quase 50 mil euros quer proteger Ramalhais contra incêndios

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A aldeia de Ramalhais, na freguesia de Abiul, vai ser alvo de um investimento global estimado em perto de 50 mil euros, que visa converter áreas florestais noutros usos, nomeadamente agrícolas, como forma de garantir a protecção e prevenção contra incêndios rurais, que habitualmente assolam este aldeamento.
Este projecto, a executar até 31 de Dezembro de 2023, será financiado no âmbito do programa “Condomínio de Aldeia”, cuja candidatura já foi aprovada.

Para o presidente da Câmara Municipal de Pombal, Pedro Pimpão, a aprovação desta candidatura aconteceu “numa boa altura, tendo em conta a nossa estratégia de valorização daquele território”, que foi bastante fustigado pelos incêndios do passado mês de Julho.
Para o “Condomínio de Aldeia” de Ramalhais, implantado “na sua maioria” em terrenos pertencentes à Junta de Freguesia de Abiúl, está prevista a aquisição de 5.400 plantas (50% de medronheiros e 50% de quercíneas), assim como o controlo de matos e vegetação espontânea com auxílio de motorroçadora e o controlo de densidade excessiva, explica a autarquia.
O projecto inclui ainda trabalhos de selecção e plantação das árvores, a instalação de um ecoponto agro-florestal, bem como a aquisição e instalação de reservatórios de rega, de modo a assegurar a sustentabilidade do projecto, cujo valor do investimento global se estima em 49.795,37 euros.

CONVERTER ÁREA FLORESTAL “NOUTROS USOS”
O objectivo da candidatura é assegurar a “resiliência, sustentabilidade e valorização do território”, na “envolvente às áreas edificadas”, em que se preconiza a “reconversão” de áreas florestais “noutros usos”, geridos estrategicamente, de modo a “garantir a segurança de pessoas, animais e bens, o fornecimento de serviços ecossistémicos e o fomento da biodiversidade”.
Na aldeia de Ramalhais, “a área de intervenção encontra-se inserida em Rede Natura 2000”, pelo que o objectivo passa por “preservar aquele habitat natural, dotando-o com uma maior biodiversidade”, de forma a cumprir com as obrigações inerentes à “protecção e prevenção contra incêndios rurais”, sem comprometer os “valores naturais de excelência” ali existentes.
Para isso, está prevista a “reconversão de uma área de matos e pastagens espontâneas, com exemplares pontuais de quercíneas, medronheiros, zambujeiros e oliveiras, numa área rica em biodiversidade”.

DIMINUIR A SEVERIDADE DOS INCÊNDIOS
Outro dos objectivos do projecto é “aumentar a resiliência e resistência dos ecossistemas, espécies e habitats” ali existentes aos efeitos das alterações climáticas, apostando numa melhor “gestão e ordenamento da comunidade local, através da adopção de práticas agrícolas e silvícolas mais eficientes para a diminuição da severidade dos incêndios rurais”.
Com esse intuito pretende-se também “criar zonas abertas de paisagem em mosaico diverso”, que promovam a “descontinuidade vertical e horizontal de manchas arbóreas e arbustivas”, onde será “feita periodicamente a gestão de combustível”, de forma a criar descontinuidades verticais e horizontais nas espécies arbóreas e arbustivas, criando uma “medida de protecção à área edificada”.
Esta é uma forma de “valorizar o aglomerado rural do ponto de vista paisagístico e urbanístico”, garantindo “maior conforto e segurança para a população”.
Por outro lado, é uma forma de “valorizar os serviços prestados pelo ecossistema, designadamente o solo vivo e a biodiversidade, a infiltração da água e a salvaguarda da sua qualidade e quantidade, o sumidouro de carbono e, ainda, a conservação do património natural”.
De acordo com o município, a implementação deste projecto vai permitir transformar a paisagem na envolvente deste aglomerado populacional, dando o “mote para que o projecto seja replicado em outras aldeias do concelho de Pombal” num “processo de participação local”.

Carina Gonçalves | Jornalista

*Notícia publicada na edição impressa de 29 de Setembro