História da Filarmónica de Vermoil está agora contada no museu

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No próximo dia 24 (domingo), a Sociedade Filarmónica Vermoilense (SFV) abre as portas do seu museu. A partir das 15h00, a comunidade vai poder conhecer o Espaço Memórias, onde a história da instituição se cruza com a da própria freguesia. Pode ser visitado de terça a sábado, das 09h00 às 18h00.

A inauguração está integrada no programa do 131º aniversário, que decorre naquele fim-de-semana, e que inclui também a apresentação de pinturas realizadas pelo artista João Ribeiro e com design gráfico do Artelier JRamos, na fachada principal e na ‘torre’ do edifício-sede.

A intenção de criar um museu no edifício-sede foi anunciada há cerca de um ano, por ocasião do 130º aniversário, dia em que foi inaugurado o tão ambicionado auditório. Desde então, a SFV tem vindo a apelar à comunidade para que ajude a enriquecer o espólio, mas até à data os contributos ainda não foram significativos. “Sabemos como estes processos se desenrolam. A comunidade precisa de ver a obra primeiro para depois começar a lembrar que em casa tem esta ou aquela peça, ou fotografia, que pretende oferecer ou emprestar”, nota David Mendes, vogal da direcção. O objectivo é “que seja um espaço que guarda memórias, que pretendemos conservar para as gerações futuras”, nota o também professor de História e criador de jogos didácticos.
O núcleo museológico será desenvolvido em duas etapas. Nesta primeira fase, o espólio integra fotos e documentos que são propriedade da instituição, mas o manancial é bem maior do que aquele que estará patente na inauguração. Isto porque “temos vários documentos e fotos a necessitar de cuidado e, com a ajuda do município, estamos a fazer o tratamento para os expor à comunidade”, explica David Mendes.
Palavras reforçadas pelo vice-presidente da direcção, que diz que este será um espaço que se irá “recheando de novas memórias com o passar do tempo” de modo a trazer “até nós a história dos 130 anos da nossa SFV, nos mostre onde estamos e nos projecte cada vez mais num futuro com muita cultura, sabedoria e deixe a semente para as gerações mais jovens”, afirma Ilídio da Mota.

Para a segunda fase, a desenvolver ao longo do próximo ano, David Mendes espera incluir os contributos da comunidade para diversificar o espólio. “Como sabemos que no dia da inauguração muitas pessoas vão ter um click e vão lembrar-se que têm uma foto, um documento ou simplesmente um relato, vamos contar com estes contributos para enriquecer o nosso espaço”, afirma.
Até lá, os visitantes já vão poder ver fotos, documentos e ler alguns textos que contam a história da Filarmónica. “Queremos também expor a nossa bandeira, alguns instrumentos antigos, medalhas, fardamentos antigos e outro espólio de relevo”, acrescenta David Mendes.
Ainda que todo o material ali disponibilizado tenha significado, por aquilo que representou em algum momento da vida da instituição, o professor realça, de forma particular, o estandarte antigo. “É uma peça valiosa, primeiro porque é o brasão ou o símbolo que identifica a nossa instituição. Depois, porque foi produzida com materiais que fazem esta peça ter um valor considerável”, salienta.
Mais do que uma viagem pelo percurso da SFV, o Espaço Memórias reflecte também a história da comunidade local. “Dos dados que dispomos, a SFV é, depois da Paróquia de Vermoil e da Junta de Freguesia (outrora com outras designações), a instituição mais antiga de Vermoil, assim como das comunidades envolventes”, constata David Mendes. Por outro lado, era também, “no século XIX e parte do século XX, dos poucos locais de encontro organizados que existiam”.
A par deste trabalho, a SFV está também a redigir a história da instituição, marcada pelo incêndio na sede, que destruiu todo o espólio. “É por isso muito difícil reconstruir toda a história”, o que impossibilitará a conclusão deste projecto num espaço de tempo mais curto, esclarece David Mendes.

Campanha para angariar dinheiro para instrumentos

No fim-de-semana em que assinala os 131 anos, a banda apresenta-se em palco com mais nove músicos. Aos actuais 43, vão juntar-se mais nove, “todos com sucesso nas suas vidas profissionais e empresariais”, realça Manuel Sobreiro, presidente da direcção. Com uma média de idades a rondar os 24 anos (o mais novo tem 11 e o mais velho 60), esta é, inequivocamente, “uma banda muito jovem”, acrescenta o dirigente, incluindo aqui “estudantes” e “elementos com formação superior”.
Na escola de música, os números são igualmente expressivos. Há 103 alunos, dos 3 aos 60 anos, repartidos pela formação musical, classe conjunto e aulas de instrumento individual (piano, saxofone, clarinete, trompete, trompa, flauta, percussão, trombone, tuba, bombardino, entre outros).
Para fazer face ao crescimento dos músicos e alunos, a instituição precisa de adquirir novos instrumentos “num investimento que, para este ano de 2024, está estimado em 40.000 euros”, revela Manuel Sobreiro. “De forma a financiar a sua aquisição, demos início, no Bodo das Castanhas, a uma campanha de angariação de fundos para a sua aquisição”, conta o presidente da direcção. Manuel Sobreiro aproveita “para reforçar o pedido de apoio junto dos nossos sócios, das empresas, empresários e benfeitores que se queiram associar à Filarmónica em prol desta nobre causa que é o ensino e divulgação da música”. Na esfera dos investimentos avultados, o dirigente lembra ainda que, por ocasião do 130º aniversário, a instituição adquiriu um fardamento completo para toda a banda.

 

Requalificar o rés-do-chão é o próximo passo

Com o novo auditório e o museu concretizados, o próximo passo é requalificar o piso 0 do edifício-sede, no primeiro semestre de 2025, adianta Ilídio da Mota. A intenção é dar “um ar mais moderno à entrada, ao espaço de convívio e toda a qualidade às salas de aulas”, explica o vice-presidente, adiantando tratar-se de “uma intervenção com vista a uma renovação estética, à qualidade do ar, da climatização e cuidado acústico”.
Aquele responsável fala sobre estas matérias com profundo conhecimento de causa. “Abracei o desafio de levar a cabo a requalificação da sede da SFV, com enorme paixão”, trabalho que “está a dar frutos muito saborosos e a alavancar toda a actividade cultural da Filarmónica, de Vermoil e da nossa região”, afirma com indisfarçável orgulho.
“A criação do auditório, com excelentes condições para tantos tipos de espectáculos, deu à banda as melhores condições para os seus concertos, trouxe até nós vários eventos das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, contemplou-nos com espectáculos de dança e de teatro, recebeu a Banda Sinfónica da PSP, tem sido palco para várias conferências organizadas por várias entidades da região”, descreve o vice-presidente.
Já o Espaço Memórias, tal como o auditório (projectado a título gracioso pela jovem Inês Mota, que está a terminar o curso superior de Design de Espaços e Ambientes), espera-se que venha a proporcionar “a tantas centenas de espectadores a possibilidade de o visitarem de forma prática quando vêm ver um espectáculo ou concerto”.

Um conjunto de “investimentos de grande envergadura, conseguidos com o forte apoio do Município de Pombal, Freguesia de Vermoil e da comunidade empresarial e social da nossa região”, frisa Ilídio da Mota, que se mostram sensíveis aos “objectivos claros de formar cada vez mais e melhor jovens músicos, cuja formação vai muito além da música, capacitando-os para uma vida com mais princípios de cidadania, desenvolvendo a capacidade de concentração, de disciplina e de organização que melhoram o sucesso das suas vidas”.