HIC ET NUNC | (In) Satisfação

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Nos últimos meses temos assistido em Portugal e não só a uma série de greves e protestos com motivações e razões diversas. As desigualdades e injustiças sociais, os baixos rendimentos, a falta de perspetivas dos jovens para o seu futuro, as falsas promessas dos políticos e as suas falhas graves, estão muitas vezes na base dessa contestação que de forma mais ou menos espontânea toma conta das ruas.
Em Portugal, após alguns anos de acalmia em que o governo da “geringonça” distribui benefícios e direitos em troca dessa estabilidade política e social, temos um período de maioria absoluta de um só partido, mas que não tem sido capaz de responder às reclamações de várias classes profissionais, professores, médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, forças de segurança, oficiais de justiça e guardas prisionais entre outros, têm saído à rua na expectativa de conseguirem ver satisfeitas as suas, muitas vezes legítimas, expectativas.
A insatisfação representa a sensação de desagrado, descontentamento e aborrecimento. Este sentimento pode manifestar-se para com o trabalho, a família ou a vida em geral e tem ligação intrínseca com as expectativas que cada indivíduo formula ou que lhe são criadas.
Todos nós durante a nossa vida procuramos a satisfação. Este sentimento, substantivo feminino, significa a ação ou efeito de satisfazer, de causar ou de sentir prazer, ou contentamento. Prazer resultante da realização daquilo que se espera, ou de obter o que se deseja, contentamento.
Podemos falar da satisfazer as necessidades básicas como a sede e a fome, a necessidade de aprovação ou reconhecimento social, a necessidade relacionamento pessoal e de amor ou de necessidades menos básicas e mais variáveis consoante o indivíduo, como sejam a roupa, as férias, o automóvel ou a casa.
Todos nós somos clientes. Muitas vezes impelidos por uma sociedade consumista somos levados a procurar a satisfação de necessidades que não possuíamos, mas que são geradas por alguém ou algo que tenta transformar-nos em seus clientes.
Quando há cerca de três anos surgiu a pandemia de covid-19 e mais tarde fomos obrigados ao confinamento, vaticinou-se a possibilidade de a sociedade ocidental se tornar menos materialista, mais humana, mais solidária, menos egoísta e ser capaz de valorizar o fundamental, a vida, o amor, a partilha e as relações humanas. Volvidos estes anos sou levado a concluir que essa transformação está bem longe de acontecer e que possivelmente não passará de uma utopia que como qualquer utopia que se preze deve alimentar-nos. Como dizia o poeta António Gedeão “… que o sonho comanda a vida e que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”.
Continuemos por isso a sonhar, com um mundo sem fome, sem pobreza, com menos inveja e egoísmo, mas também a lutar e a trabalhar para que o mundo pule e avance para se transformar naquilo que queremos que ele seja, o sonho comanda a vida, mas só se concretiza com ação!

Telmo Lopes
Presidente da CPC do CDS-PP de Pombal