Filipe Santos tem todos os cromos do futebol desde 1966

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O Campeonato da Europa de Futebol reanimou o fervor pelas cadernetas de cromos, mas o bichinho de Filipe Santos não é de agora. No arquivo que tem em casa, as memórias recuam a 1966, ano inaugural de uma colecção dedicada ao desporto-rei e que conta hoje, talvez, com cerca de uma centena de cadernetas. Entre mundiais, europeus, campeonatos nacionais e Liga dos Campeões, a história do futebol tem um lugar de destaque na biblioteca deste pombalense de 61 anos. Tudo coleccionado de raiz e no ano correspondente.

Filipe Santos ladeado por algumas das cadernetas de cromos que tem na colecção

Tinha, à época em que iniciou a colecção, apenas seis anos, mas uma imensa paixão pelo futebol, modalidade que praticou dos 11 aos 31 anos de idade com a camisola do Sporting Clube de Pombal (SCP). “Quando éramos crianças, os pais davam-nos uns tostões e eu esperava que a papelaria abrisse para ir comprar os cromos”, conta. “Na altura, havia uns rebuçados que traziam um jogador. Custavam meio tostão”, relata. O pai de Filipe, também ele antigo jogador do SCP e um fervoroso adepto da modalidade, ajudava-o muitas vezes nesta tarefa.


O campeonato nacional ‘inspirou’ a primeira caderneta, mas um percalço, aquando da mudança dos pais para uma nova casa, fez com que fosse parar ao lixo. Ultrapassado o desânimo por este contratempo, acabaria por ser o Campeonato Mundial de Futebol de 1966 a oficializar o início desta colecção que já vai longa. Desde então, “nunca falhei uma competição”, conta ao nosso jornal, enquanto vai remexendo nas dezenas de cadernetas que espalhou sobre a mesa da sala para nos falar sobre esta história de amor pelos cromos, mas que poderia, afinal, ter sido bem mais curta. Aos 31 anos, quando casou, Filipe arrumou definitivamente as chuteiras, altura em que tomou, também, outra decisão: se tivesse um rapaz, continuava a colecção (o que veio a acontecer), mas se nascesse uma menina, parava de alimentar este bichinho. Quis o destino que a paixão não esmorecesse e hoje, ainda que lá em casa seja o único adepto de futebol, o objectivo é que o espólio “fique para os meus filhos”.
Cromo a cromo, página a página, as cadernetas de Filipe prendem a atenção a cada segundo, mesmo para quem não seja fã do desporto-rei: há jogadores que se tornaram ícones do futebol, há ‘estrelas’ que já morreram, como o Maradona, há clubes que deixaram de existir, e, até, fotografias tiradas em campos ainda pelados.
Entre as que compra e as que troca com outros coleccionadores, Filipe diz que cada caderneta lhe custa cerca de 100 euros. Nunca fez as contas ao investido até hoje, nem pensa muito sobre isso, assumindo que só gastou mais dinheiro do que o habitual com alguns dos cromos mais antigos, “porque não tinha quem, naquela altura, trocasse comigo”.
Por entre as tantas cadernetas que guarda, há uma pela qual tem especial carinho: a do Euro 2012, assinada pelos jogadores da selecção nacional. Sabe, também, que tem, entre os cromos, figuras de jogadores cobiçadas por outros colecionadores, que poderiam valer muito dinheiro neste mercado, mas o facto de as ter todas coladas nas cadernetas faz com que percam valor comercial. Filipe sabe disso, mas prefere, mesmo assim, manter o método de sempre: compra o set de cromos e cola-os. “Só têm valor para mim”, mas isso, assegura, é o mais importante. Guarda os repetidos para troca e, depois disto tudo, se ainda lhe faltarem alguns, compra directamente à Panini, marca responsável pelas emissão da maior parte das cadernetas de cromos.
Enquanto puder, Filipe vai continuar a ‘escrever’ a história do futebol, em todas as competições nacionais.

*Notícia publicada na edição impressa de 29 de Julho