A VER | Abrir os olhos

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Vejo filmes praticamente todos os dias e não me importo com o seu local de produção. Digo isto porque sempre me chateou o facto de as pessoas, na sua esmagadora maioria, sempre escolherem filmes falados em inglês para ver, como se só os americanos ou ingleses fizessem bons filmes. Muitas vezes ignorando que alguns desses filmes que escolhem serem já remakes de filmes feitos noutros países e, se calhar, até bem melhores. Partilho esta minha reflexão devido à quantidade de “amigos” que exultam nos últimos dias com a qualidade de “Milagre na Cela 7”. Para quem não sabe, trata-se de uma produção turca que está a fazer grande sucesso actualmente, sobretudo devido aos comentários positivos e à curiosidade suscitada pelos mesmos. “Nunca pensei que os turcos fizessem filmes tão bons!”, dizem. Mas porque é que os turcos, russos, chineses ou de qualquer outro país não haviam de fazer filmes bons? Já repararam nas fichas técnicas dos filmes americanos e na quantidade de estrangeiros que trabalham neles? Uma boa história pode ser contada em qualquer língua. Ponto final. Os meios para a contar podem ser diferentes, mas prefiro quase sempre uma obra original do que uma cópia.
Isto tudo para dizer que, por um lado, fico contente que o público abra os olhos para produções de fora do mainstream. Mas por outro, irrita-me que seja algo passageiro e que rapidamente voltemos ao mesmo. Ciclicamente acontecem fenómenos destes que nos dão esperança que algo mude na forma de vermos a sétima arte, mas que acabam por pouco significar. Lembro-me, por exemplo, de “A Vida é Bela”, que colocou o cinema italiano nas escolhas dos portugueses. Que filmes italianos viram depois desse? E os “Amigos Improváveis”, que chegaram de França? Viram mais filmes franceses nos últimos anos? É também por isto que a recente vitória de “Parasitas” nos Óscares pode contribuir para alguma mudança de mentalidade. Quantos de vocês escolheriam ver um filme coreano antes de ouvirem falar desse? Eu trabalhei num clube de vídeo e sei bem quais eram as escolhas dos clientes. Não se esqueçam. Dêem uma chance a filmes de outros países e vão ver que um novo mundo se pode abrir diante de vocês.

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Biólogo Marinho de formação e pós graduado em Turismo de Natureza, nunca exerceu profissionalmente em qualquer uma das áreas. Há uns bons anos iniciou-se nas lides radiofónicas e esse bichinho ainda hoje perdura. O gosto que tinha pelo Cinema, desde tenra idade, foi apurado nos tempos universitários e, por estes tempos, não passa um dia sem ver, no mínimo, um filme. Não perguntem qual o seu preferido pois o gosto pode variar consoante a hora. Balança de signo, mas Leão de coração, gosta de viajar e ambiciona conhecer os quatro cantos do mundo. Mas quem não sonha com o mesmo?