A UNIÃO EUROPEIA FALADA EM PORTUGUÊS | Como estão os jovens portugueses para o Parlamento Europeu?

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Este Natal recebi a melhor prenda que, tendo em conta o curto espaço de tempo da minha existência, podia ter pedido. Foi me dado o privilégio de defender a minha dissertação de mestrado e assim me tornar mestre. Para cruzar esta meta, decidi estudar e escrever sobre a relação de conhecimento e envolvimento dos jovens portugueses com o Parlamento Europeu. Assim sendo, é sobre este tema que hoje vos escrevo.
De modo a entender em que paradigma se encontra o conhecimento dos nossos jovens, redigi e distribui por entre as faixas etárias dos 21 aos 34 anos um questionário sobre o Parlamento Europeu. Posteriormente, apontando a lupa aos resultados, percebi que:
• 56,5% dos jovens não sabem que as eleições europeias se realizam de 5 em 5 anos;
• 42,8% demonstram não estar certos de que estas se realizam através de um sufrágio universal direto e elegem eurodeputados;
• 63,7% não conhecem quantos eurodeputados compõem o Parlamento Europeu (são 705).
Apesar destes valores não me deixarem surpresa, estão infelizmente muito aquém daquele que seria o ideal. O facto da maioria dos jovens não ter conhecimento do ciclo político europeu, do tipo de sufrágio aplicado e da constituição do Parlamento Europeu, revela que quando se deslocam às urnas a probabilidade de entenderem no que estão a votar é relativamente baixa. Apesar de vivermos num sistema democrático, ao não sabermos no que votamos, a representação dos nossos ideais políticos na Europa é comprometida.
Por sua vez, esta desvalorização da compreensão das instituições políticas da Europa e das funções governamentais que a União Europeia em si concentra deriva da falta de cobertura mediática da agenda legislativa europeia e do domínio das problemáticas nacionais durante a campanha para as eleições europeias. Não nos esqueçamos que a Política Externa e de Segurança Comum, bem como a Política Monetária são decididas a nível europeu e têm impacto direto no nosso dia-à-dia.
Não perceber a Europa é também deixar Portugal ao rumo dos restantes países europeus, com economias e culturas de diferentes necessidades. Portanto, como defensores dos nossos interesses pessoais e coletivos, importa-nos, por um lado, reforçar a disseminação de informação sobre a União Europeia e as respetivas instituições. E, por outro lado, procurar manter-nos minimamente informados em relação ao sistema democrático que nos abriga, favorecendo, assim, a criação de uma sociedade jovem entendedora do papel do Parlamento Europeu no âmbito nacional e europeu.

Vitória Sá
Mestre em Economia Internacional e Estudos Europeus