“Temos muito talento nesta cidade e precisamos de o ‘adubar’ para dar os seus rebentos”

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Estevão Santos descobriu cedo a vocação para a pintura, e hoje faz desta o hóbi de eleição. É da sua autoria o quadro que será entregue ao vencedor do torneio de homenagem ao mestre internacional António Fróis, marcado para este sábado, no Café Concerto, organizado pela Oficina Xadrezista & Cultural Marquês de Pombal /JRSF.

Estevão Santos oferece quadro ao vencedor
É da autoria de Estevão Santos o quadro que será entregue no sábado ao vencedor do torneio

Que influência traz a pintura ao seu quotidiano?
Penso que, de uma forma ou de outra, és mais criativo, tens mais soluções para realizares o teu trabalho e, claro, todo o trabalho tem a sua arte. Numa profissão todos temos a nossa vertente, somos melhores numa área específica.

Quando é que descobriu esta veia artística?
Já desenhava e pintava há muitos anos, mas tudo numa área abstracta. Em 2008, apercebi-me que com incentivo, motivação, não há limites na criação de arte.Contudo, acabou por ser devido à minha namorada, Nathalie Francisco, que comecei a desenvolver vários estilos de pintura. Depois, tudo passou por abrir muito estes horizontes.
Posso dizer que a descoberta desta veia artística começou cedo. Desde a primária que os professores elogiavam os meus desenhos, mas uns anos depois encontrei uma professora que me contou que guardou todos os meus desenhos. Foi um momento de orgulho, saber que realmente tens talento. O que fiz então foi meter mãos à obra.

Como artista, o que acha deste cruzamento entre o desporto, a arte e a cultura, em geral, promovido pela “Oficina Xadrezista de Pombal” nos seus eventos?
Acho uma iniciativa excelente, dar a conhecer os artistas locais e dar a conhecer o xadrez. É uma junção perfeita. Precisamos de união em Pombal, temos pombalenses em todo mundo, somos uma população de sucesso em muitas áreas, temos muito talento nesta cidade e precisamos de o ‘adubar’ para dar os seus rebentos.

O Estêvão tem sido um dos artistas que acarinha o projecto. Porque o faz?
Faço por gosto, porque a iniciativa é excelente, e faço por ser um projecto da nossa cidade. Todos juntos fazemos a diferença.

Um dos seus quadros está na posse do grande mestre António Fernandes (um dos melhores xadrezistas de todos os tempos). O que representa para si?
Foi um enorme orgulho não só pelo facto de ser entregue ao primeiro lugar, mas por ser entregue ao mestre António Fernandes, um dos melhores xadrezistas de todos os tempos. Foi o complemento perfeito. Tenho muito orgulho nisso e não o esquecerei.

A Oficina tem um projecto “Conhecer Pombal à boleia de um xeque-mate”. Qual a sua opinião sobre ele?
O apoio dado a eventos de música, artes e xadrez é de louvar, nomeadamente o mais recente evento que traz a homenagem ao MI António Fróis, com todos os espectáculos envolvidos no programa. Excelente trabalho do Jorge Barrento. Os meus parabéns, desde já.

Alguma vez pensou dedicar-se à pintura a tempo inteiro ou, até, fazer formação nessa área?
Sim, claro que sim. Seria um orgulho enorme exercer essa profissão que me leva a viajar para fora da realidade do dia-a-dia, do meu mundo. Formar-me levar-me-ia a descobrir técnicas e matérias que não conheço, algo que é fundamental para complementar o trabalho que estamos a fazer.

Assumes-se como pintor ou auto-didacta?
Auto didacta.

Na sua opinião, como estamos em matéria cultural, na cidade de Pombal?
Pombal tem feito um bom trabalho em várias áreas da arte e cultura, e que têm tido uma excelente projecção. Contudo, na área da pintura, não acho que haja grande projecção, apesar de se fazerem algumas exposições. Era preciso haver mais apoio, tal como aquele que é dado a outras vertentes.

Há projectos que gostasse de desenvolver?
Tenho muitas ideias por desenvolver, mas nenhuma que se destaque, porque todas elas têm a sua importância. No entanto, seriam todas na área de pintura, envolvendo também crianças.

Quem são as suas referências?
A minha referência é Salvador Dali.

A “Oficina Xadrezista” assenta em várias vertentes, uma delas a pintura. De que forma o seu trabalho se poderia associar a este projecto?
Penso que a pintura será a única em que me encaixo. Projecto que apresentaria: interacção com crianças e pessoas deficientes. Infelizmente fui a primeira pessoa em Pombal a fazer trabalho comunitário e a ter escolhido a CERCIPOM. Tenho um orgulho enorme em ter contribuído para aquela instituição. O meu contributo para a Oficina Xadrezista passaria por actividades com pintura ao ar livre, execução de técnicas de pintura e inspiração, como saber aproveitar o momento de inspiração, em suma, um conjunto de coisas que é preciso desenvolver quando se começa um projecto.