10 de Outubro Dia Mundial da Saúde Mental

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Daniel Martins
Psicólogo/Neuropsicólogo

A propósito do Dia mundial da Saúde Mental, começaria por alertar para a atividade de negligência da maioria dos responsáveis pela saúde, incluindo a própria população, a que têm submetido a saúde mental quando comparada com a saúde física. Mas, antes de iniciar o tema sobre a saúde mental, gostaria de o desmistificar, referindo que, quando se fala em ter saúde mental entende-se o oposto de doença mental ou a ausência de psicopatologia, ou seja, um estado de saúde normal.
No entanto, para ter saúde mental não basta a ausência de sintomas psiquiátricos, mas é necessário a presença de capacidades e recursos para enfrentar as dificuldades da vida, não adoecer, e viver em bem-estar psíquico, ou seja, ter robustez mental.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é um estado de bem-estar em que o individuo tem consciência das suas capacidades, é capaz de lidar com o stresse normal da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir para o bem-estar da comunidade. Logo, a saúde mental não é apenas a prevenção e o tratamento da doença mental, mas envolve todos os sectores de sociedade que afetam o bem-estar mental.
A pessoa com saúde mental sente-se bem, feliz, com alegria. Estes sentidos subjectivos advêm do bem-estar conseguido, por ex., como o autocontrole, auto-eficácia, amar e ser amado e não o obtido através do uso de drogas, comportamentos de risco ou satisfação imediata de necessidades primitivas.
Também temos de distinguir que o facto de experienciarmos emoções negativas não significa ausência de saúde mental. No caso de perda, luto, tragédia,…, a capacidade de reconhecer e lidar com as próprias emoções negativas e as dos outros é um sinal de saúde mental. Portanto, podemos dizer que uma pessoa tem um elevado nível de saúde mental quando possui capacidades que a tornam adequada, estável, capaz, equilibrada, mesmo em situações adversas. Existem alguns fatores que podem contribuir para uma melhor saúde mental como ter, uma vida equilibrada, com baixos níveis de stresse, relacionamentos familiares e sociais estáveis, prática regular de atividade física, respeito pelos limites físicos e psíquicos individuais, respeito pelos ritmos de sono/vigília, equilíbrio entre as atividades profissionais e os tempos de lazer. O modelo de prevenção de saúde mental implica também que mesmo as pessoas que não tenham sintomatologia psiquiátrica ou doença mental beneficiem de intervenções ou apoio psicológico que promovam as suas capacidades mentais. Portanto também os “normais”, isto é, sem sintomas, podem melhorar a sua saúde mental e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida.